Não basta ser uma marca de luxo para ganhar o selo de alta-costura. A moda de haute couture só existe na França, onde uma lista seleta de grifes mantém ateliês para produção de peças artesanais e da mais alta qualidade para encomendas sob medida.
Os modelos são exclusivos e únicos, e ninguém mais tem uma roupa igual àquela no mundo, o que atrai ricos e famosos, especialmente para aparições em eventos de gala e black-tie. Inclusive, os clientes são poucos. Estima-se que apenas 4 mil pessoas no mundo têm acesso a esses ateliês, que existem somente em Paris e são regulados pela Federação de Alta-Costura e da Moda.
Dior é uma das poucas grifes listadas como alta-costura (Foto: Reprodução/Instagram @dior)
Um vestido assinado por um estilista dessas maisons custa, no mínimo, US$ 10 mil, mas pode chegar a números muito maiores, como peças black-tie de Yves Saint-Laurent que foram vendidas a US$ 800 mil. A coleção Madame Butterfly, de John Galliano para Christian Dior em 2007, também alcançou valores próximos de US$ 1 milhão.
Luxo por excelência está ao alcance de poucos
Para ser considerada uma casa de alta-costura, é preciso seguir todas as diretrizes do órgão regulador. As regras são rígidas e incluem produção sob medida e design totalmente personalizado, com pelo menos uma prova de roupa para ajustes que permitem a adequação perfeita ao corpo do cliente.
Rosie Huntington-Whiteley veste alta-costura da Fendi no Festival de Cannes (Foto: Reprodução/Instagram @fendi)
Outras exigências são ter um ateliê em Paris para o desenvolvimento das roupas e a criação de um número mínimo de peças de dia e noite em duas coleções por ano, que devem seguir o calendário oficial da indústria da moda. Também é necessário ter uma equipe de 15 pessoas em tempo integral e possuir clientes internacionais.
A lista seleta de casas de moda no rol da alta-costura é a seguinte: Adeline Andre, Alexandre Vauthier, Alexis Mabille, Armani Privé, Atelier Versace, Bouchra Jarrar, Chanel, Dior, Elie Saab, Fendi, Franck Sorbier, Giambattista Valli, Giorgio Maurizio Galante, Givenchy, Iris Van Herpen, Jean Paul Gaultier, Maison Margiela, Ralph & Russo, Schiaparelli, Stéphane Rolland, Ulyana Sergeenko, Valentino, Viktor & Rolf e Zuhair Murad.
Apesar dos preços salgados, a alta-costura tem um papel muito maior de projetar e sustentar a marca do que lucrativo. Por isso, a exclusividade é chave nesse processo, com desfiles exuberantes e passarelas tomadas de famosos. Os holofotes criam desejo e jogam luz nas coleções mais acessíveis, como as prêt-à-porter, além de produtos como perfumes, acessórios e maquiagem.
Grifes de alta-costura criam desejo para depois apresentar coleções mais acessíveis (Foto: Reprodução/Instagram @chanelofficial)
A Semana de Alta-Costura, que ocorre todo ano em Paris, é o grande chamariz do tipo de confecção, que surgiu em 1858 em solo francês. Foi lá que o estilista inglês Charles Frederick Worth fundou a Maison Worth, ganhando notoriedade mundial ao inaugurar a assinatura de peças.
Assim, o costureiro virou o grande criador da moda como conhecemos hoje, introduzindo a apresentação de coleções duas vezes por ano, de acordo com as estações, e o uso de modelos vivos na passarela. Depois de 165 anos dessa revolução, casas de luxo mantêm vivas o legado de Worth.
Foto de capa: Giambattista Valli é ícone da alta-costura. Reprodução/Instagram @giambattistavalliparis