Transformar datas festivas em temas de coleção de roupas não é uma novidade no mundo da moda, mas mesmo veteranos como a Farm, marca carioca com mais de 26 anos de mercado, parecem estar sujeitos a cometer equívocos ao tentar reproduzir a cultura de forma comercial. Nesta semana, a campanha da marca para o São João foi criticada por utilizar elementos circenses e carnavalescos.
Coleção da Farm para São João acusada de utilizar elementos cincenses e carnavalescos (Foto: Reprodução/Twitter)
O destaque das peças da Farm costuma ser sua estamparia, rica em cores e representações. Para o mês de julho, a marca preparou uma coleção cápsula de São João, cujo vídeo de divulgação no Instagram foi fortemente criticado por internautas que destacaram que os looks com tules, paetês e até pompons nada tem haver com o visual tipicamente junino, especialmente como no Nordeste.
“Quando for assim, é melhor nem fazer. Vocês não têm ideia do tamanho/importância do São João para a cultura do Nordeste. Nem tudo é Carnaval carioca Zona Sul não, viu? Que representação mais caricata”, disse uma usuária do Instagram.
Os internautas da rede social empenharam-se em frisar que as estampas utilizadas estavam muito mais próximas de temas carnavalescos, do que juninos, sempre marcados por xadrez, bandeirinhas e chapéus de palha.
Aqui sem entender o que tem de junino nesta coleção de roupa junina da marca Farm. pic.twitter.com/0I35Jm3jQ4
— Lera (@mbrit_o) June 5, 2023
No Twitter, a marca também foi alvo de críticas (Vídeo: Reprodução/Twitter)
“A Farm precisa visitar o São João de Caruaru (PE) e o de Campina Grande (PB) para entender que roupa de curtir o São João não é roupa de Carnaval”, comentou outro usuário do Instagram. Após a repercusão dos comentários na intenet, a Farm retirou a coleção do site para vendas e excluiu o vídeo da divulgação, mas antes havia deixado um comentário fixado que justificava a escolha por estampas e modelos menos tardicionais.
“Sabemos a importância de preservar e celebrar as tradições culturais brasileiras. Por isso, na comunicação deste post, o objetivo não era retratar uma linguagem tradicional de São João, mas sim propor um conceito lúdico e criativo a partir de referências diversas que extrapolam o universo usual da festa junina”, explicou a marca
Não é a primeira vez que a empresa se envolve em polêmicas, pois já foi acusada anteriormente de plágio ou racismo em suas estampas e posicionamentos. O episódio mais recente aconteceu em 2021, quando o site da marca disponibilizou um cupom de compras que seria parcialmente revertido em ajuda financeira para a família de Kathlen Romeu, vendedora da Farm, que morreu no Rio de Janeiro, após ser atingida por bala perdida.
Foto Destaque: Campanha da Farm para coleção de São João. Reprodução/Instagram