Um raro exemplar da moda de luxo pós-guerra acaba de ser recuperado no Brasil. Um conjunto de tomara-que-caia, saia e bolero feito sob medida pelo próprio Christian Dior à atriz brasileira Dulcina de Moraes foi finalmente achado no subsolo da Fundação Brasileira de Teatro, em Brasília.
As peças eram procuradas há anos e foram produzidas antes mesmo de a capital federal existir. Uma das grandes damas do teatro nacional, Moraes tinha uma relação íntima com a moda e encomendou a roupa grifada quando esteve em Paris, em 1952. Registros comprovam que ela usou figurino da Dior nas peças "As Loucuras de Madame Vidal" (1952) e "Vivendo em Pecado" (1953).
Pesquisa no camarim de Dulcina de Moraes revelou conjunto luxuoso pós-guerra (Foto: reprodução/Instagram/@fbt.dulcina)
Em maio deste ano, o bolero já havia sido identificado e tido a veracidade comprovada pelo número de chassi impresso. Em julho, saia e tomara-que-caia foram avaliados e considerados legítimos.
Atriz trouxe moda pós-guerra de Dior ao Brasil
A atriz brasileira Dulcina de Moraes foi uma estrela exuberante nos palcos e também no que hoje seria chamado de street style. Sempre elegante, apreciava peças com bastante volume e cintura marcada, causando um impacto no visual que chamava atenção de quem cruzasse com ela pelas ruas.
O traje feito por Christian Dior tem uma silhueta bem marcada, característica forte do New Look, tendência de moda após a Segunda Guerra Mundial. O estilista apostava em saias amplas, que iam quase até os tornozelos, ombros mais naturais e cinturas justas, imprimindo elegância e sofisticação às composições.
Dulcina de Moraes levava moda de luxo para os palcos do Brasil (Foto: reprodução/Instagram/@gbt.dulcina)
No conjunto de luxo produzido exclusivamente à brasileira, Dior inseriu bolsos na saia, o que ajudava na postura mais esguia e, consequentemente, elegante.
Camarim cheio de histórias da moda de luxo
O conjunto de alta-costura foi parar no subsolo prédio da Fundação Brasileira do Teatro, onde pesquisadores começaram a catalogar os materiais de um acervo de 70 anos de história do teatro brasileiro.
Funcionários da Fundação Brasileira do Teatro recuperam acervo da atriz (Foto: reprodução/Instagram/@fbt.dulcina)
Funcionários da entidade vasculham o camarim de Dulcina de Moraes, abandonado com relíquias de um tempo de ouro da arte teatral. Várias peças da atriz estão sendo inventariadas, a fim de que não sejam vendidas, mas expostas para o grande público.
Seis baús de turnês guardam 250 chapéus, 200 pares de sapato, 30 pares de luva e 20 perucas. Entre os chapéus, há peças do estilista Jacques Fath e do chapeleiro Gilbert Orcel. Também há mais de 200 quadros, o que inclui fotos originais da Guerra de Canudos.
Foto de capa: Traje de grife foi achado em camarim abandonado de atriz brasileira. Reprodução/Instagram/@fbt.dulcina