O know-how é um termo que se refere ao conhecimento prático que um indivíduo ou organização tem para realizar uma atividade específica. Desde os anos 2000, grandes grifes investem em estratégias para preservar e transmitir o próprio “savoir-faire” (saber fazer) de excelência e garantir a presença de artesãos no mercado de luxo.
Atualmente, diante do movimento de relocalização industrial, mudança dos padrões de consumo e de compromissos de Responsabilidade Social Empresarial, essas grifes colhem os frutos da implementação dessa prática. Em entrevistas exclusivas, publicadas na última sexta-feira (24), a jornalista Anne Gaffié da revista L’Officiel questionou sobre a estratégia empregada por algumas dessas marcas.
LVMH
Considerado o maior conglomerado mundial de marcas de luxo, o Grupo LVMH está no mercado há 36 anos e engloba mais de 70 marcas diferentes, incluindo Louis Vuitton, Christian Dior e Givenchy.
Em 2014, o conglomerado fundou o Instituto dos Negócios de Excelência, um programa de estudos e trabalho em luxo que oferece formação em criação, experiências do cliente e negócios de artesanato. Desde que foi lançado, o Instituto já é considerado líder na transmissão de um know-how de excelência. Ao todo, a organização conta com 280 negócios, 500 aprendizes e 6 setores de atividade.
“Da sustentabilidade à inovação, nós devemos garantir que os know-hows de amanhã sejam ao menos tão vivos quanto seus antecessores”, afirmou Alexandre Boquel, diretor de excelência empresarial do grupo LVMH, à L’Officiel.
Colaboração artística entre Ghizlane Agzenaï e a marca Guerlain, pertencente ao Grupo LVMH (Foto: reprodução/Instagram/@lvmh)
Prada
O Grupo Prada também aderiu às estratégias para a preservação do “saber fazer”, implementando um plano de financiamento para desenvolver a infraestrutura de produções locais próprias. Fundada no início dos anos 2000, a Prada Group Academy é uma escola que forma novos talentos, encarregados de dar continuidade ao artesanato de excelência das marcas do conglomerado.
De acordo com Massimo Vian, diretor industrial do Grupo Prada, o desenvolvimento de capacidades industriais próprias sempre foi uma prioridade para o conglomerado.
“A indústria do luxo como um todo sofre de uma falta de artesãos e com uma concorrência feroz para contratá-los”, explica Vian à jornalista Anne Gaffié. “O treinamento interno de novos talentos valerá a pena a médio e longo prazo, é nisso que estamos apostando”.
Recentemente, o Grupo inaugurou um novo ramo dedicado ao savoir-faire de artigos de couro na comuna italiana Scandicci, próximo à Florença.
Foto Destaque: peça da Prada sendo costurada à mão (Reprodução/Instagram/@prada)