O tapete vermelho do Met Gala deste ano será um desfile à parte. O dress code de 2023 tem como tema Em homenagem a Karl, em referência a Karl Lagerfeld, um dos diretores criativos de moda mais respeitados da história. O evento anual que arrecada fundos para o Metropolitan Museum of Art (Met), em Nova Iorque, reúne celebridades mundiais, que devem vestir peças inspiradas nas coleções do designer alemão.
O Met Gala sempre cria sua atmosfera com base na exposição em cartaz na ala do Costume Institute. A exibição Karl Lagerfeld: A line of Beauty resume a carreira do estilista em 150 looks, o que foi um desafio para o curador, Andrew Bolton, e para a Wendy Wu, que colaborou com Lagerfeld durante anos.
Mas quem foi exatamente Karl Lagerfeld? Além do seu uniforme icônico, com colarinhos engomados e o rabo-de-cavalo branco, há muito da história da moda por trás da trajetória do alemão que revolucionou grifes como Chanel, Fendi, Balmain, Patou e Chloé.
Kaiser da moda virou ícone fashion por acaso
Kaiser da moda foi descoberto em concurso e contratado por Pierre Balmain. Reprodução/Instagram
O design sempre esteve presente na vida de Karl Lagerfeld, que ansiava por expressar sua criatividade com o talento na ilustração. Nascido em Hamburgo, na Alemanha, em 1933, teve a oportunidade de estudar no Lycée Montaigne, em Paris, quando sua família se mudou para a França.
Mas a entrada no mundo fashion ocorreu por acaso: em 1954, aos 21 anos, concorreu e ganhou o prêmio de melhor casaco no International Woolmark Prize. Logo, chamou atenção de Pierre Balmain, que o contratou como assistente. Foi nessa época que o vestido Balmain ganhou o público feminino.
Nos 65 anos seguintes de carreira, impressionou por transitar pela variadas áreas do design e beber de fontes na arte e na cultura pop para suas criações. "Eu desenho como respiro. Você não pede para respirar, isso simplesmente acontece”, disse Lagerfeld uma vez. Pela realeza fashion que construiu, ganhou o apelido de Kaiser da moda.
De Pierre Balmain ao reinado na maison de luxo Chanel
No início dos anos 1960, Karl Lagerfeld atuou na Jean Patou. Na segunda metade daquela década, uniu-se à casa Chloé, que acabou se tornando uma das marcas mais influentes dos anos 1970.
À medida que o nome do designer ganhava proeminência pela Europa e o resto do mundo, foi incorporado à maison Chanel, onde ficou por 36 anos à frente da direção criativa. Coco Chanel havia morrido em 1971, e Karl ficou responsável pelo prêt-à-porter e a alta costura. Sua atuação renovou a marca e trouxe clientes de uma nova geração.
Karl Lagerfeld mudou a história da Chanel e Fendi. Reprodução/Instagram
Entre suas ações decisivas para revitalizar a maison, estão as saias mais curtas e apertadas. Nas passarelas, Karl Lagerfeld investiu em cenários ousados e exagerados, como a grande geleira montada no Grand Palais no prêt-à-portê do outono/inverno de 2010/2011.
A Fendi também foi casa do estilista por 55 anos. Chamado para renovar a linha peles, acabou criando o icônico logotipo de FF invertido.
Inspiração na moda e maison Karl Lagerfeld
Se você visse nas ruas pessoas com óculos escuros opacos, rabo-de-cavlo, golas muito bem engomadas e luvas sem dedos, não haveria dúvidas de que Karl Lagerfeld era a inspiração do look.
A influência do estilista foi tão marcante na indústria que levou à criação de sua própria marca de luxo. Mesmo com sua maison de luxo, ele permaneceu na Chanel e na Fendi até sua morte, aos 85 anos, em fevereiro de 2019.
Sua última coleção finalizada, para a Chanel, foi apresentada ao público nas passarelas em março do mesmo ano, com a temática de esportes na neve.
Marca de luxo Karl Lagerfeld segue propagando legado do seu criador. Reprodução/Instagram
Mestre da fotografia e do design de interiores
Mestre dos porta-retratos, eternizou fotografias, pinturas e desenhos de si mesmo em looks icônicos. Essa marca registrada teve início quando Karl clicou sua primeira campanha, em 1987, e se encantou pelas câmeas. Ele aplicava técnicas de serigrafias, Polaroid, resinótipos, daguerreótipos, impressões digitais, platinotipias e impressões Fresson.
Anos depois, abriu seu estúdio em Paris, onde grandes personalidades da indústria de moda e beleza posaram para suas lentes. Seu trabalho foi parar em livros, muitos publicados pela famosa editora alemã Steidl.
O estilista também era um amante voraz de livros. Sua coleção tinha mais de 300 mil publicações que abordavam história da arte, música, arquitetura e até geografia. Aliás, arquitetura também se tornou uma paixão de Karl, que se envolveu em projetos na área e também em design de interiores. Muitos de seus trabalhos podem ser vistos em cidades como Paris, Berlim, Miami e Singapura.
Karl e Choupette: gata herdou fortuna de R$ 400 milhões
Choupette foi a grande paixão do designer alemão no final de sua vida. O felino ganhou seu coração quando Karl aceitou ajudar o modelo Baptiste Giabiconi, que pediu ao amigo para cuidar da gata por uma semana.
O kaiser não gostou muito da ideia, mas recebeu o animal em casa. Bastou uma semana para o que o estilista descreveu como amor à primeira vista. Na segunda-feira em que seria devolvida ao dono, Karl insistiu que ela ficasse. Nem mesmo os riscos de que Choupette afiasse as unhas em seu sofá de luxo Zaha Hadid assustaram o estilista.
Choupette virou influencer digital e tem vida de luxo. Reprodução/Instagram
A gata Choupette encantou o alemão com sua personalidade calma, engraçada e graciosa. “Ela é bonita de se olhar e tem boa postura”, disse uma vez, provando que até a paixão pelo animal envolvia seu olhar estético para a vida.
Da raça sagrada da Birmânia, Choupette foi nomeada no testamento de Karl, que deixou grande parte de sua fortuna de mais de R$ 400 milhões para a gatinha. Ela ganhou perfil no Twitter e figurou em capas de revistas como Harper's Bazaar e Madame Figaro.
Alguma dúvida de que o Met Gala será um show fashionista?
Foto de capa: Karl Lagerfeld eternizou o rabo-de-cavalo, gola engomada e luvas sem dedos. Reprodução: Instagram
