Depois de anos em que o minimalismo e o streetwear dominaram o cenário da moda, o maximalismo nostálgico da década de 2000 está de volta, e a gravata, peça antes associada exclusivamente ao vestuário masculino, reaparece agora com um novo significado. Jovens criadores de tendência e fashionistas têm resgatado o acessório, conferindo a ele uma leitura moderna, irreverente e estilizada.
Em Nova York, a febre é visível. Seja em desfiles independentes, baladas no Brooklyn ou nas ruas do Soho, a gravata se firmou como uma peça-chave em visuais que mesclam sensualidade e atitude. Ela aparece de várias formas: estampadas, combinada com tops justos, saias de pregas, calças cargo, meias arrastão e outros elementos marcantes da era Y2K. O segredo dessa tendência está na sobreposição e no contraste, onde o formal se mescla ao despojado, criando um efeito visual intrigante e moderno.
Gravata combinada com a tendência Y2K (Foto: reprodução/Pinterest/@milaradojevicc/@paigeellouisee)
A nova cara de um clássico
Nos anos 2000, a cantora Avril Lavigne trouxe a gravata para o centro das atenções, transformando-a em um ícone do estilo pop punk. Em eventos como o MTV Awards de 2002, ela combinou o acessório com regatas e calças largas, adicionando um toque de irreverência à moda feminina. Essa escolha, além de se tornar um dos traços mais marcantes de sua identidade artística, também impactou uma geração, que passou a enxergar a gravata como um símbolo de ousadia e autenticidade na moda.
Avril Lavigne no MTV Video Music Awards 2002 (Foto: reprodução/Frank Micelotta Archive/Getty Images Embed)
Agora, na versão 2025 da tendência, a gravata deixou de ser apenas um acessório “roubado do armário masculino” para se tornar um símbolo de experimentação e quebra de padrões de gênero. As versões atuais são finas, estampadas, brilhantes ou coloridas, muitas vezes usadas soltas, como um enfeite, ou sobrepostas a camisetas e regatas.
O fascínio pela peça também dialoga com a ascensão do visual “officecore” e da alfaiataria desconstruída, onde elementos do vestuário corporativo são reinventados com um toque de ousadia e sensualidade. Ao invés de comunicar rigidez, a gravata agora transmite liberdade e criatividade.
Gravata combinada com o visual “officecore” (Foto: reprodução/Pinterest/@seasidegal2)
Das pistas de dança para as redes sociais
O retorno da gravata tem origem nas pistas de dança da cena alternativa nova-iorquina, onde a experimentação visual sempre teve espaço garantido. Inspirados pela moda clubber do início dos anos 2000, frequentadores dessas festas voltaram a apostar na gravata como elemento central do look, sendo quase como uma provocação visual.
A tendência rapidamente se espalhou para as redes sociais, onde vídeos de “get ready with me” (GRWM) e tutoriais de styling impulsionaram o acessório entre a geração Z. No TikTok, a hashtag #tieaesthetic já acumula várias visualizações, com combinações que vão do gótico chic ao indie sleaze.
Diferentes formas de usar gravata (Vídeo: reprodução/Pinterest/@litlookzstudio)
Além disso, a volta da gravata reflete também os valores da moda contemporânea, marcada pela busca por autenticidade e expressão individual. Um acessório antes associado ao conservadorismo e ao formal ganha novos significados ao ser adotado por uma geração que reinventa itens da moda com criatividade e liberdade.
Foto Destaque: Avril Lavigne (reprodução/Frank Micelotta Archive/Getty Images Embed)