A moda nunca foi apenas sobre vestir algumas roupas bonitas e andar pela passarela em grande estilo, existem diversos lados políticos, lutas e ações sociais que tem o objetivo de mudar esse cenário consumista que e prejudica o nosso ecossistema. Muitos deles levam grandes nomes na linha de frente como a considerada “rainha do punk” Vivienne Westwood, Martin Margiela e Yohji Yamamoto.
O Anti-Fashion (ou anti-moda) começou antes mesmo da internet passar a ser um fator extremamente relevante na indústria, com isso ele contribuiu para muitos designs importantes que servem de referência até mesmo nos dias de hoje, estrando em Fashion Week e virando história.
O que é o movimento Anti-Fashion
Para compreender mais facilmente o que lhe compõe, primeiro é preciso entender como a arte e a moda andam juntos desde o início dos tempos. Em todas as criações, sejam de alta costura ou não, é possível identificar muitas peças que tem relação com algum movimento artístico ou literário, como é o caso do Dadaísmo ou o próprio Surrealismo, visto também na decoração do ambiente em que as roupas são apresentadas.
O Anti-Fashion surgiu a partir da necessidade de quebrar a barreira do convencional e padronizado nas passarelas ou nos editoriais, não se tratando exclusivamente de trazer inclusão, mas sim de explorar a criatividade e montar looks com uma proposta mais surpreendente, sem seguir quaisquer regras ou códigos de vestimenta.
Vivienne Westwood, 1994 (Foto: reprodução/Pool ARNAL/PICOT/Getty Images Embed)
Em contraponto, sua definição nunca fica muito clara para quem não acompanha esse universo, uma vez que a moda sempre se transforma (ou as tendências voltam) e aquilo que era considerado anti-moda vira algo aceitável, até mesmo a indústria pode colocá-la no mercado se apropriando do movimento.
Em outro momento, em março de 2015 a previsora de tendências Li Edelkoort publicou o que é chamado de “Anti-Fashion: A Manifesto for the Next Decade” (ou “Antimoda: um manifesto para a próxima década” em tradução livre), onde escreve em 10 capítulos sobre uma crítica sobre a moda na atualidade, sendo algo descartável, sem valor e que “está em um ponto de saturação”, diz ela.
Chegando nos anos 1990, a cultura Anti-Fashion fica mais forte e vai de encontro a estética do Heroin Chic, os dois são muito opostos e trazem propostas completamente distintas para o mercado. No entanto, a “bizarrice” toma conta e leva diversos estilistas renomados junto com ela.
Exemplos de Anti-Fashion nos desfiles
Martin Margiela batizou sua grife com o seu nome, fundada no ano de 1988 em Paris, a casa de luxo francesa é adepta ao movimento anti-moda há muitos anos, servindo como uma das principais inspirações para a construção dele, que vem se reiventando a cada ano. No final dos anos 1990 e início dos 2000, pode-se notar o estilo da marca mudando de maneira bem peculiar, trazendo elementos de movimentos literários e chocando o público em desfiles performáticos.
Martin Margiela, 2009 (Foto: reprodução/Francois Guillot/Getty Images Embed)
No ano de 2009, para uma coleção de primavera/verão na Paris Fashion Week, seus modelos entraram com o rosto coberto com tecidos do mesmo tom de pele, ou que combinavam com a roupa, usando perucas por cima e sem nenhuma expressão facial aparente. Todas as peças tiveram cortes excêntricos, a escolha dos tecidos eram bem controvérsias e divertidas, fora o caimento e silhuetas interessantes.
Vale ressaltar o trabalho de Yohji Yamamoto, uma estilista japonesa que traz novos conceitos para rebater a hegemonia europeia, colocando o preto como a cor principal e “desconstrói” a silhueta totalmente. Suas peças de alfaiataria sempre ganham mais destaque, afinal, o que é conhecido como moda japonesa é incluído em todos os seus designs.
Yohji Yamamoto, 2022 (Foto: reprodução/Victor Virgile/Getty Images Embed)
Em uma coleção de outono/inverno no Paris Fashion Week de 2022, a marca trouxe para a passarela desenhos mais dramáticos, com peças vazadas e saias volumosas, tudo em preto e alguns modelos vinham com o cabelo com um aspecto molhado. Toda a coleção teve muitas cordas, fitas, renda e cortes assimétricos.
Foto destaque: Fechamento do desfile de Martin Margiela em 2009 (reprodução/Francois Guillot/Getty Images Embed)