O "Projeto Ponto Firme" leva criatividade por meio do crochê aos detentos da Penitenciária Adriano Marrey, em Guarulhos, SP. Ao longo das aulas e produções em crochê, foram feitos registros que resultou em documentário do mesmo nome.
Cartaz do documentário "O Ponto Firme". (Foto: reprodução/Facebook/Projeto Ponto Firme)
Documentário e transformação
O documentário "O Ponto Firme" foi exibido pela primeira vez em 2020, em estreia virtual na São Paulo Fashion Week. O filme, dirigido por Laura Artigas, retrata o processo de chegada do projeto ao presídio, desde a introdução do projeto até a conclusão da coleção desenvolvida pelos detentos e orientada por Silvestre. O crochê, uma técnica artesanal de confecção predominantemente desenvolvida por mulheres, transgride o padrão para homens. O próprio estilista aprendeu e domina a arte de crochetar, e multiplicou seu conhecimento a esse público carcerário. No filme, a primeira aula se baseia na produção do ponto base, as correntinhas.
O projeto acontece desde 2015, atendendo diversas turmas de aprendizes de crochê. Desde então, o Ponto Firme produz peças que foram levadas às passarelas desde 2018 pelas coleções de moda de Gustavo Silvestre.
Depois de ser exibido em festivais internacionais como o Moving Parts Film Festival de Los Angeles e o Berlin Idie Film Festival, dentre outros, o filme chega às telas nacionais. O documentário chegou ao Circuito SPCine na Sala Olido. As sessões ocorrerão nos dias 25, 27, 28 e 29 de novembro, em horários variados.
Trailer de "O Ponto Firme", de Laura Artigas. (Vídeo: reprodução/YouTube/BR153 Filmes)
Dignidade e ofício
O objetivo de levar o curso à penitenciária é promover a aprendizagem de um ofício e desenvolver a criatividade. Em troca, os detentos recebem redução de pena por participação e bom comportamento. Para além das questões legais, os detentos tem oportunidade de sair da ociosidade, ocupar suas mentes e aprender uma nova habilidade que pode se tornar um ofício tanto no cárcere quanto no futuro, quando estarão em liberdade.
Projetos sociais em presídios ajudam a população carcerária a reconstruir sua dignidade, já que prepara e possibilita imaginar um futuro diferente da linguagem do crime. Porém, esse tipo de projeto ainda não é uma realidade frequente nas penitenciárias brasileiras.
Foto destaque: Gustavo Silvestre e O Ponto Firme (Reprodução/Gustavo Sorrino/Instituto Justiça de Saia)