Moda

Deserto do Atacama abriga lixão da moda

Verdadeiras montanhas têxteis de marcas de grife são descartadas em lixão no Chile. Consumo excessivo de roupas acentuou problema de descarte em grande escala no mundo da moda

10 Nov 2021 - 14h00 | Atualizado em 10 Nov 2021 - 14h00
Deserto do Atacama abriga lixão da moda Lorena Bueri

Com paisagens áridas, o deserto do Atacama, no Chile, possui um imenso lixão clandestino da moda, com roupas compradas, usadas e jogadas fora nos Estados Unidos, Europa e Ásia. As montanhas de roupas coloridas crescem quase 59 mil toneladas por ano, entrando no porto de Iquique, localizado a 1.800 de Santiago, capital do país. Devido às redes capazes de lançar mais de 50 coleções de novos produtos por ano, o consumo excessivo de roupas tem feito com que o desperdício têxtil cresça no mundo todo.

 

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As roupas são feitas, geralmente, na China e compradas em Berlim ou Los Angeles e levam cerca de 200 anos para se desintegrar. Milhões de toneladas de peças de coleções passadas acabam indo para o lixo escondido no deserto, localizado no norte do Chile. Há quase 40 anos, o país concentra um grande comércio de “roupas americanas” em suas lojas, abastecidas com lotes dos Estados Unidos, Canadá, Europa e Ásia. O Chile é o maior importador de vestimentas usadas da América Latina.


Mulheres buscam roupas em meio ao descarte no deserto do Atacama. (Foto: Reprodução/Martin Bernetti/AFP)


Segundo Alex Carreño, cidadão que mora perto do lixão e ex-trabalhador da zona de importação do porto de Iquique, “essas roupas vêm de todas as partes do mundo. O que não foi vendido para Santiago ou foi para outros países (como Bolívia, Peru e Paraguai), fica aqui, porque é uma zona franca”. Nessa área de importadores e taxas preferenciais, comerciantes do resto do país selecionam os produtos para suas lojas, e o que sobra não pode sair da alfândega. No lixão, duas jovens venezuelanas que cruzaram a fronteira da Bolívia com o Chile há poucos dias, Sofía e Jenny, escolhem roupas para o frio, enquanto seus bebês engatinham por cima daquele aterro. “Viemos olhar para as roupas porque a gente realmente não tem nada, jogamos tudo fora quando voltamos mochilando”, diz uma delas.

 

 

Foto destaque: Lixão têxtil localizado no deserto do Atacama, no Chile. Reprodução/AFP

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