O novo tênis lançado pela maison Balenciaga gerou mexeu com a internet. Completamente rasgado, o “full destroyed” é a nova aposta da marca, apesar dos memes que o tênis proporcionou, há conceitos por trás da sua criação, assinada pelo ex-refugiado gergiano, Demna Gvasalia.
No posto de diretor-criativo da Balenciaga desde 2015, Demna assumiu o cargo que antes era do americano, Alexander Wang. Nascido na Geórgia, o ex-refugiado se intitulou como esquisito e solitário nas entrevistas. Com apenas 12 anos, foi obrigado a deixar o país natal devido à guerra civil. Junto com a família, partiram rumo à Alemanha. Hoje, o designer vive com o marido, Loïck Gomez, em Zurique, na Suíça.
Gvasalia conta que ser refugiado moldou sua personalidade e hoje isso reflete em seus trabalhos. Em março deste ano, ele homenageou os refugiados na Paris Fashion Week. Enquanto as modelos estavam nas passarelas, o designer recitava um poema em ucraniano.
O período que a Ucrânia está passando, segundo o ex-refugiado, ressuscitou um trauma antigo. Momentos antes do desfile acontecer, ele fez um comunicado afirmando ser refugiado para sempre. “O desespero, o medo, a percepção que ninguém nos quer, fica para sempre”.
Antes de ser nomeado para o cargo de chefe de criação do conglomerado de luxo Kering, o georgiano era um mistério para o mundo da moda. A única informação que se tinha dele até então era sobre a marca de streetwear Vetements, fundada com seu irmão, Guram, em 2014.
Mas com seu ativismo através dos trabalhos, logo Gvasalia estava marcando seu nome como estrela em ascensão no seleto grupo de estilistas renomados do universo fashion. O designer conseguiu transformar a Balenciaga na marca de crescimento mais rápido entre as pertencentes ao conglomerado Kering - que engloba grifes como Saint Laurent, Bottega Veneta, Alexander McQueen e Boucheron. Só em 2019, a receita da Balenciaga ultrapassou 1 bilhão de euros e conquistou o feito de estar entre as três grifes mais altas no The Lyst Index - ranking que divulga os produtos e marcas mais populares de três em três meses.
Outro motivo que fez com que Gvasalia conseguisse o feito, foi graças ao público que atraiu: os millennials - que, hoje, representam mais da metade dos clientes da Balenciaga.
Em entrevista ao jornal britânico, Financial Times, o designer contou que enxerga essa década como um momento caótico no mundo da moda devido às transformações que a indústria vem passando. “Os tempos mudaram e a maneira como nos comunicamos com nossos clientes também é uma história completamente diferente do que era antigamente”, acrescentou.
Modelo 'Full Destroyed' Balenciaga (Foto: Reprodução/ Balenciaga)
O estilista, conhecido na internet por criar um conteúdo visual que prolifera na internet, se descreve como um “voyeur do Instagram”. Segundo ele, as gerações mais novas são mais informadas e, consequentemente, mais politizadas e isso refletiu na sua última criação: o tênis “full destroyed”.
Não se preocupando com as curtidas, o que realmente interessa para o georgiano é a intuição de suas criações.
E, pelo menos por enquanto, Gvasalia parece saber como se comunicar com seus clientes. Não é à toa que ele se descreve como "um voyeur do Instagram" — o estilista é conhecido por criar conteúdo visual e pegajoso que prolifera online. “Para mim, design de produto é acreditar em algo; é sobre sentir. E no passado minha intuição sempre me levou aos lugares certos”.
Foto Destaque: Demna Gvasalia. Reprodução/ Instagram.
