Aconteceu entre os dias 1 a 6 de dezembro, no Senac Lapa Faustolo, em São Paulo, a primeira semana de moda da América Latina, dedicada à moda sustentável. Com o tema “CoCriar o Futuro”, 6ª edição do Brasil Eco Fashion Week (BEFW) contou com 20 desfiles, 18 painéis e 30 workshops ligados em nutrir o ecossistema da moda. Os criadores mostraram suas criações que traziam desde materiais feitos para mínimo impacto ambiental, à reciclagem e ao resgate de tradições artesanais (brasileiras ou não). Estilistas participantes mostraram suas pesquisas e propostas de regeneração em um cenário desafiador aos dilemas ambientais da moda, destacando o desperdício, impacto ambiental, hábitos danosos de consumo, entre outros.
Confira os destaques:
Tênis de materiais ecológicos da Alme
O tênis Carbon Neutral, da Alme (Foto: Marcelo Soubhia:Reprodução/@agfotosite)
A Alme, marca de sapatos 100% carbono neutro, do Grupo Arezzo, apresentou no último sábado (3), um desfile cujo o tema é a importância das escolhas conscientes. Eurico Humano, diretor criativo da marca, apresentou uma coleção dividida em três ciclos: a sensibilização, o germinar e o agir. No desfile, foi apresentado o tênis Carbon Neutral, peça que a marca planeja lançar no início de 2023, que representa a sensibilização. A estrutura do tênis é feita de EcoBambu (fibra composta de celulose de bambu) e TR Ecológico (versão verde da borracha termoplástica). A sola do tênis carrega a topografia da região do Jari, localizada na Amazônia, onde é realizado o projeto de compensação de emissões de CO₂ da marca Alme.
O tururi de We’e’e’ena Tikuna
Peças da estilista indígena We’e’e’na Tikuna (Foto:Marcelo Soubhia:Reprodução/@agfotosite)
O material chave da coleção da estilista We’e’e’ena Tikuna foi o tururi, tecido de algodão cru de origem indígena e que é extraído da entrecasca de árvores seculares, sendo um tecido orgânico. O material é muito usado para diversidade de produtos artesanais e peças ritualísticas. Natural do povo Ticuna, considerado o mais numeroso da Amazônia brasileira, a estilista também usou grafismos desenhados manualmente pelas próprias mãos. “Por muitos anos fomos tutelados por terceiros. Agora chegou nossa vez de mostrarmos a nossa capacidade”, afirma We’e’ena Tikuna sobre sua nova coleção.
Jogo sensorial da Contextura
Produções texturizadas baseadas em material reciclado ganham espaço na passarela (Foto: Marcelo Soubhia:Reprodução/@agfotosite)
Há 12 anos, mãe e filha, Evelise e Anne Anicet, jogam com texturas têxteis em busca de experiências sensoriais profundas. A brincadeira da vez é levar a sensação de colocar o pé na praia, sentir a espuma do mar com a coleção "Geometrias da Natureza". A marca "Contextura", utiliza peças tecidos reaproveitados, principalmente algodão orgânico, poliamida biodegradável e seda.
DEMODÊ: algodão orgânico e casting diverso (Foto: Marcelo Soubhia:Reprodução/Agência Fotosite)
Sioduhi Studio: peças utilitárias com tingimento à base de mandioca (Foto: Marcelo Soubhia:Reprodução/Agência Fotosite)
Woolmay Mayden: alfaiataria em denim reciclado (Foto: Marcelo Soubhia:Reprodução/Agência Fotosite)
Houve, também, a presença da DEMODÊ, com o tema “O futuro é ancestral”, onde seu desfile foi voltado ao crochê e renda, feitos de algodão orgânico. Já Sioduhi Studio utilizou mandioca, base de alimentação de povos indígenas, para tingir suas peças. A coleção "Incarner de Woolmay Mayden" utilizou somente tecidos reciclados, e denim reaproveitado.
FotoDestaque:Desfile da estilista We'e'ena Tikuna:Reprodução/Marcelo Soubhia / @agfotosite