Moda

Coleção visionária de Martins é marcada pelo cyberpunk e alta costura

Martins une estética cyberpunk e referências clássicas, com jeans patchwork, estampas ousadas e flores 3D, misturando alta-costura e futurismo

17 Out 2024 - 19h00 | Atualizado em 17 Out 2024 - 19h00
Coleção visionária de Martins é marcada pelo cyberpunk e alta costura Lorena Bueri

Ao som da trilha de "A Substância", um dos filmes mais perturbadores do ano no gênero terror corporal, a coleção de Martins não economizou nas referências cinematográficas. A introdução já anunciava um desfile impregnado de nostalgia e futurismo. Músicas de The Prodigy e sons de "Rivais" criaram uma atmosfera cyberpunk, transportando imediatamente o público para um universo inspirado em "Matrix". Para Tom Martins, a mente por trás da marca, o conceito de "mais é mais" nunca foi uma simples frase; é a espinha dorsal do seu processo criativo, e essa coleção não foi diferente.

As primeiras peças desfiladas já evidenciavam o caráter excêntrico da coleção. Com estampas ousadas e caleidoscópicas, que remetiam ao trabalho de Emílio Pucci, a excentricidade era inegável. Martins, conhecido por seu trabalho meticuloso com tecidos, trouxe estampas de placa-mãe que remetem à célebre coleção Inverno 1999 de Alexander McQueen para a Givenchy. Essa junção de referências tecnológicas e visuais clássicos – com o icônico coelho branco de "Matrix" sobreposto nas peças – revelou um olhar afiado para a moda que transcende o tempo. A coleção, embora vanguardista, também flertava com o passado, criando uma narrativa que conversava entre o digital e o artesanal, entre o exótico e o familiar.

Reinvenção do Patchwork

No entanto, se uma peça merece ser destacada, essa peça é o jeans. As calças, fruto da parceria com a Levi’s, vieram adornadas com patchwork meticulosamente desenhado, revelando um trabalho artesanal que raramente vemos em criações de moda contemporânea. A presença forte do jeans, muitas vezes relegado ao status de "básico", foi elevada ao patamar de alta-costura, especialmente quando adornado com um design tão inovador. Tom Martins, ao brincar com as proporções e texturas, conseguiu fazer do jeans uma peça de destaque, algo raro no mundo do luxo. Sua decisão de resgatar o patchwork, um trabalho que exige paciência e precisão, mostra o quanto ele está em sintonia com o desejo atual por peças mais duráveis e que carreguem uma história.

Os ponchos xadrezes e texturizados, com um toque artesanal quase rústico, adicionaram um contraponto ao futurismo da coleção. Eles sugerem um retorno ao feito à mão, ao mesmo tempo que dialogam com uma estética global. Já os suéteres com flores 3D trouxeram uma espécie de suavidade que contrastava com o resto da linha, mas sem perder a ousadia. Em um momento em que a moda está saturada de minimalismo, a manualidade e a atenção aos detalhes – como as flores tridimensionais – foram um lembrete de que o maximalismo pode ser tão inovador quanto necessário.


Combinada à estética cyberpunk, que foi o principal ponto de partida da coleção, o resultado final ficou romântico até demais (Vídeo: reprodução/Instagram/@hylentino)


Rebeldia e romantismo

Em seu release, Martins revelou que a rebeldia de Rick Owens foi uma grande influência em seu moodboard. Isso é visível não apenas nas silhuetas exageradas, mas também no uso de materiais e texturas que desafiam a ideia de "beleza tradicional". A estética cyberpunk, que foi o ponto de partida, deu o tom inicial da coleção. No entanto, apesar de toda essa rebeldia declarada, o resultado se mostrou surpreendentemente romântico. Talvez tenha faltado um pouco mais de drama – o que pode ser uma questão de styling –, mas isso em nada comprometeu o impacto geral da coleção. O romantismo, na verdade, trouxe uma camada inesperada de profundidade às peças. Era como se, sob a armadura tecnológica, existisse uma sensibilidade palpável, um coração batendo.

A coleção de Martins é, acima de tudo, um estudo sobre contrastes. É sobre o equilíbrio delicado entre o passado e o futuro, entre o artesanal e o tecnológico, entre a rebeldia e o romantismo. E, nesse diálogo, Tom Martins conseguiu criar algo que vai além de uma simples coleção de moda: ele nos convida a refletir sobre o próprio papel da moda no mundo atual. Em um cenário onde o fast fashion domina, suas peças exaltam a durabilidade, a exclusividade e o valor do trabalho manual. Não se trata apenas de roupas, mas de peças que contam histórias, que carregam em si o peso do tempo e da inovação.

Foto destaque: apresentação da coleção (reprodução/Instagram/@martins_)

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