Na entrevista, elas abordam questões da vida pessoal, trajetória e seus momentos profissionais. Camila resgata memórias da infância, fala sobre suas personagens, o desejo de retornar às passarelas para celebrar 16 anos de carreira e sonhos. Liniker, aborda sobre a representação de seu álbum Indigo Borboleta Anil em sua vida, a importância de ser a primeira brasileira trans a ganhar um Grammy Latino, a importância da amizade, planos para o futuro e muito mais. Sophie contou sobre sua preparação para viver Gal nos cinemas, sua rotina fora das telas, mergulhou em suas memórias e trouxe um lado mais pessoal.
A edição está disponível para compra nas principais bancas do Brasil a partir desta quinta-feira, 11, e no app Globo Mais. As entrevistas podem ser conferidas na íntegra no site da revista.
Seguem trechos das entrevistas abaixo:
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Glamour Brasil: Um bom personagem pode marcar um ator, com as partes boas e ruins disso. Em algum momento, você teve medo de ficar conhecida só pela Angel? Ou medo do que viria?
Camila Queiroz: Não, não. Isso nunca passou pela minha cabeça. Acho que era mais um medo externo do que meu. Sabe por quê? Eu não tinha nada a perder. Genuinamente, só esperava que gostassem. Não pensava em fama, não tinha expectativa de fazer sucesso. E nem pensei, depois do Emmy que a novela ganhou, que deu tudo certo... Eu amo que me chamem de Angel. Quando me param na rua, eu atendo por esse nome porque tenho muito orgulho. Ela me trouxe até aqui. Tudo o que conquistei foi por causa dela. Aliás, sempre vou preferir que as pessoas me chamem pelo nome das minhas personagens do que pelo meu próprio, porque isso significa que elas foram marcantes e que emocionaram.
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Glamour Brasil: O disco (Indigo Borboleta Anil) lhe garantiu o seu primeiro Grammy Latino. Como foi viver aquele momento histórico?
Liniker: Lembro de acordar, rezar e pensar que não sabia o que iria acontecer. Comecei a me arrumar, e descobri pelas minhas amigas que estava atrasada para a premiação. Correndo, colocamos o vestido que compramos em Las Vegas porque tivemos problemas com a bagagem do Brasil. Chegando à cerimônia, cumprimentei a Ludmilla e sentamos aliviadas. Estava concorrendo em três categorias e, após duas delas serem apresentadas, pensei que, por uma questão lógica, eu não seria a vencedora. Eu, uma artista independente, concorrendo em “Melhor Álbum de Música Popular Brasileira” ao lado de Marisa Monte, Caetano Veloso, Ney Matogrosso, entre outros ícones da música... Quando o Jão, que também é de Araraquara, anunciou o nome do meu disco, só tive tempo de abaixar a cabeça enquanto todos da mesa gritavam ou começavam a chorar. Subi no palco e decidi fazer meu discurso em espanhol, mesmo sem ter ensaiado nada. Quando me dei conta de que havia ganhado, e falei que essa era a primeira vez que, no meu País, uma artista trans vencia a categoria, não aguentei. Toda a minha vida passou diante dos meus olhos. Eu me vi saindo de Araraquara com R$150 para Santo André, lembrei do meu primeiro show, da minha primeira turnê, do meu primeiro sold out. Desde que eu estourei com os Caramelows, não tive tempo de assimilar tudo o que aconteceu na minha vida. Um dia, eu estava passando fome e, no outro, dormindo em um hotel cinco estrelas. Então, ter vivido a certeza desse prêmio me ajudou a entender um pouco disso. Ao mesmo tempo, quando a estatueta chegar em casa, acho que vou ter uma nova virada de chave. Tenho medo de supervalorizar essa conquista no sentido de me deixar confusa, de ficar fazendo as coisas para acertar, para ganhar outro prêmio. Tenho medo que eu me perca dentro do meu processo e do meu propósito. Eu não fiz o disco para ganhar um Grammy, por mais que eu gostaria, mas, sim, para que eu me celebrasse.
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Glamour Brasil: No segundo semestre, chega Meu Nome é Gal, longa sobre Gal Costa, que faleceu em novembro de 2022. Como surgiu o convite e como lidou com a morte da artista?
Sophie Charlotte: Estou ansiosa. É um privilégio incomparável e também uma enorme responsabilidade. Ela é minha estrela, a ídola maior. Espero que dê para a gente homenageá-la e enaltecê-la ainda mais nos cinemas. O projeto é antigo, trabalhamos nele por muitos anos, antes mesmo de termos o roteiro. Aprendi a cantar ouvindo aquela voz cristalina, que sempre me inspirou. Ao receber o convite, parecia um sonho, um delírio bonito se apresentando como oportunidade de trabalho, com uma vibração única. Foi um barato mesmo. Senti uma dor e um baque muito grande ao saber da morte da Gal. Não apenas eu, o Brasil inteiro. Ela é um ícone em vários aspectos. É uma revolução na expressão feminina. Desde o Tropicalismo, passando pelos movimentos culturais que o País enfrentou, os gritos de revolta contra o período da ditadura militar brasileira, projetos em prol da liberdade, sempre pensando em música, em arte e se repensando artisticamente. Foi duro, fizemos o filme para ela, pensando nela como um presente.
Foto Destaque: Reprodução