Na transição dos anos 2000 para 2010, o beachwear dominava as passarelas da moda brasileira, em especial o São Paulo Fashion Week (SPFW) e o extinto Fashion Rio. Marcas renomadas como Lenny Niemeyer e Salinas consolidaram o segmento, destacando-se pelas criações sofisticadas que trouxeram o glamour das praias cariocas para o mundo da alta moda. No entanto, o cenário atual revela uma transformação: novas marcas surgiram, enquanto nomes tradicionais buscam adaptar-se às mudanças no comportamento do consumidor e nas tendências de design.
O papel de Lenny Niemeyer, e a nova geração de criadores Lenny Niemeyer, continua a ser uma figura central no beachwear brasileiro. Seus desfiles off-calendário ainda reverberam a essência carioca, com foco em biquínis sensuais e elegantes, refletindo sua visão de moda atemporal para mulheres independentes e sofisticadas. Contudo, as novas gerações também têm deixado sua marca. Marcas como Sau Swim, de Marina Bitu e Yasmin Nobre, introduziram novas estéticas, explorando a leveza de cores etéreas e formas inovadoras de valorizar o corpo.
Propostas criativas
Reinvenção das marcas tradicionais e surgimento de novos conceitos Após um hiato de seis anos, a Salinas retornou às passarelas sob a direção criativa de Adriana Bozon, explorando uma cartela de cores terrosas e texturas contemporâneas como malhas felpudas e acabamentos em palha. Essa reinvenção do beachwear busca aproximar as peças ao estilo de vida urbano sem perder a essência das praias brasileiras. Além disso, marcas como The Paradise introduzem elementos inesperados, como biquínis jeans, enquanto a Handred desafia os códigos tradicionais ao combinar sungas com peças de alfaiataria.
Modelo durante desfile da Salinas (Foto: reprodução/Tom zé/AgNews)
A evolução do beachwear brasileiro reflete não apenas mudanças no design, mas também uma crescente conscientização sobre a diversidade de corpos e comportamentos, adaptando-se a um público cada vez mais exigente e variado. Enquanto o mercado busca equilibrar inovação e tradição, a moda praia brasileira continua a ser um símbolo de identidade cultural e um termômetro das tendências globais.
Além disso, a Meninos Rei apresentou uma explosão de cores vibrantes e estampas figurativas, com referências à cultura pop, destacando-se como uma marca que celebra o corpo brasileiro e suas modelagens icônicas, como o biquíni cortininha. Outro exemplo de inovação foi o trabalho da Ateliê Mão de Mãe, que trouxe propostas em crochê, enquanto a Handred inovou ao combinar sungas com blazers e regatas de seda, rompendo com as convenções e ampliando os limites do beachwear. A marca The Paradise, por sua vez, incorporou o jeans aos biquínis, em uma fusão ousada com camisas e vestidos. O segmento de beachwear no Brasil pode ter passado por momentos de retração, mas está longe de ser enfraquecido. O país, com um dos verões mais longos do mundo, continua a ser uma potência na moda praia, adaptando-se às novas exigências do mercado, sem perder a conexão com sua rica tradição.
Evolução do beachwear
O renascimento do beachwear no Brasil também reflete uma adaptação às novas demandas por sustentabilidade e inclusão na moda. A busca por tecidos de menor impacto ambiental e a valorização do trabalho artesanal são tendências que têm ganhado força, como visto nas peças em crochê da Ateliê Mão de Mãe. Essa conexão com o artesanal vai além da estética, representando uma revalorização da tradição manual e um compromisso com processos mais sustentáveis. Além disso, o beachwear atual dialoga com questões de diversidade corporal, promovendo modelagens que abraçam diferentes tipos de corpos e expressões de identidade. A fusão de tecidos nobres, como seda e malha, com a ousadia de cortes mais fluidos e contemporâneos, aponta para um futuro onde o beachwear não apenas celebra o verão brasileiro, mas também a pluralidade de quem o veste.
Foto destaque: Modelos apresentam criações de Salinas durante o São Paulo Fashion Week (reprodução/NELSON ALMEIDA / AFP/WireImage/Getty Images Embed)