Alexandre Herchcovitch tem um papel importante na moda brasileira. Ele criou a Herchcovitch em 1993, e qualquer um que tenha um pouco de conhecimento sobre o mundo fashion já ouviu falar dele. Em 2008, o design anunciou a venda da sua maior criação para a empresa de holding, InBrands. Instituição que também administra marcas como Ellus, Richard e Salinas. Contudo, mesmo que não mais como dono, Alexandre ainda permaneceu no posto mais alto da loja, com toda a sua criatividade, até 2016, e a partir daquele ano, ele não renovou o contrato.
A sua identidade visual bem definida, com seu tom gótico, com muitas caveiras, látex e bondage, fez sucesso e faz até hoje. Enquanto estava à frente da marca, Alexandre criava quatro coleções por ano, além de produtos para outras e de desfilar na semana de São Paulo e Nova York.
Detalhes da coleção de retorno de Alexandre Herchcovitch que despertam a nostalgia. Reprodução/Elle/Marcelo Soubhia
Depois de alguns anos sem produzir nada associado a Herchcovitch, Alexandre retornou a ela em dezembro de 2022. A volta como cérebro criativo da marca se dá pela negociação com o CEO da holding, Nelson Alvarenga. A empresa concedeu uma licença, um joint venture, que autoriza a liberdade criativa pelo pagamento de um valor não revelado que permite que o design crie novas peças com seu nome estampado nelas.
A coleção exibida no final do ano passado relembrou toda a tradição estética de Alexandre: o vestido camisa de força, o look bóia fria, o preto e branco, a combinação do pink e do vermelho.
Alexandre Herchcovitch e seu pink e vermelho que apareceram na passarela no ano passado. Reprodução/Elle/Marcelo Soubhia
Alexandre concedeu uma entrevista a L'officiel falou sobre seu recomeço, nostalgia e sustentabilidade. O jornalista e editor do veículo, Eduardo Viveiros conseguiu extrair muito bem o estado de espírito atual de Herchcovitch. Muitas perguntas foram feitas por ele, mas gostaria de destacar algumas que sintetizam bem a visão de Alexandre sobre negócios e o que podemos esperar para o futuro da marca.
A falta que Alexandre sentia de criar produtos que levassem seu nome foi um dos principais motivos da sua volta. Ele não parou de trabalhar e continuava criando na A La Garçonne, mas ainda assim se sentia limitado já que precisava respeitar a identidade da marca.
O designer afirmou que boa parte dos tecidos utilizados nas confecções da coleção de dezembro são os que estavam parados desde a saída dele em 2016 na InBrands.
"[...] me comprometi a seguir usando essa matéria prima. Não só no desfile mas na coleção comercial. Tirando coisas como couro, verniz, tudo que está à venda é material de reúso", disse ele a Viveiros.
Utilizar os padrões antigos, não é uma opção para Alexandre. A mudança do consumidor é um dos principais motivos, já que para ele, os clientes de oito anos atrás não têm os mesmos padrões e, por isso, as criações precisam ser diferentes.
Herchcovitch Alexandre, tem muitas ideias em mente para essa nova era, todas elas estarão conectadas ao cenário atual da música, da arte e das discussões sociais atuais. Porque ele é assim, Alexandre sempre produziu peças que conversavam com as circunstâncias que cercavam a todos. Acho que a partir de agora não será diferente. Esses são os novos tempos.
Foto destaque: Alexandre Herchcovitch. Reprodução/E!Entertainment
