Na última quarta-feira (16), Alexander McQueen retornou à Nova York pela terceira vez em sua história. Mais de duas décadas depois do último desfile da marca na cidade, a diretora criativa Sarah Burton usou o cenário nova-iorquino para apresentar a “Mycelium”, nova coleção de inverno 2022, que tem como parte central de sua narrativa os fungos e a natureza.
“Estou muito feliz por estar de volta a Nova York, uma cidade que sempre esteve perto dos nossos corações. Mostramos a coleção Dante aqui em 1996, e depois voltamos com Eye no outono de 1999. Faz parte da nossa comunidade, um lugar que sempre nos acolheu, e nesta temporada quero homenagear isso”, escreveu Sarah Burton no programa do desfile.
As principais inspirações para a criação de Burton ficaram claras antes mesmo do começo da apresentação. Em um espaço úmido e vegetativo, a música “The Forest” da banda The Cure tocava nas caixas de som e, quando as modelos finalmente entraram na passarela, cogumelos marcaram presença na maioria das peças exibidas. O fungo apareceu estampado em enormes suéteres desgastados, com fios de lã soltos, que proporcionaram tanto tridimensionalidade quanto movimento. Cores inspiradas em fotos de cogumelos, como verde, amarelo e laranja, também vibraram em vestidos sem mangas, com camadas volumosas e assimétricas.
Alexander McQueen apresenta coleção inverno 2022 (Foto: Reprodução/ Alexander McQueen)
Nos bastidores do desfile, a diretora criativa falou sobre a ambiguidade do cogumelo. “É curativo, mas também pode ser tóxico. Há um perigo nisso”, disse Sarah.
O micélio, material que deu nome à coleção, vem ganhando os holofotes da moda nos últimos anos. Extraído do cogumelo, promete ser uma alternativa sustentável para a indústria, tendo a capacidade de substituir o couro, por exemplo.
E por falar em couro, ele também esteve entre os destaques do desfile. Surgiu em jaquetas perfecto e vestidos, fazendo referência às subculturas britânicas. Quando questionada se considerou usar o couro de cogumelo para a “Mycelium”, mais especificamente o Mylo, Sarah Burton disse que não. Porém, ela afirmou que a Alexander McQueen está estudando um couro feito de micélio, além de outras alternativas, e que cerca de 85% das 41 produções da coleção foram criadas a partir de upcycling e do reaproveitamento de tecidos, incluindo o poliéster.
Algumas das propostas apresentadas no desfile também foram "reaproveitadas" de coleções icônicas do estilista Lee Alexander McQueen, fundador da marca. Os ternos com estampas em spray com o desenho de corpos em movimentos, faziam alusão ao desfile do verão de 1999, quando o vestido da modelo canadence Shalom Harlow foi pintado ao vivo por dois braços robóticos. McQueen era um grande fã de novos materiais, assim como da experimentação dos limites da civilização e da natureza.
Foto destaque: Alexander McQueen apresenta coleção em Nova York. Reprodução/ Alexander McQueen.