Transparência em campo: CBF abre o áudio do VAR, mas debate sobre credibilidade continua

CBF divulga áudios do VAR de São Paulo x Palmeiras após polêmica transparência cresce mas dúvidas sobre credibilidade seguem em campo

09 out, 2025
Imagem de Ramon Abati Abel como juiz | reprodução/X/@nacaonews
Imagem de Ramon Abati Abel como juiz | reprodução/X/@nacaonews

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) divulgou nesta quinta-feira os áudios do VAR referentes ao clássico entre São Paulo e Palmeiras, disputado no Morumbis. A medida veio após uma onda de críticas do Tricolor, que questionou cinco decisões da arbitragem no confronto vencido pelo Palmeiras por 3 a 2.

O gesto, embora inédito em frequência e timing, reacende uma discussão antiga, se abrir o áudio é realmente a solução.

Da pressão ao microfone aberto

O São Paulo formalizou pedido para ter acesso às conversas entre árbitro e cabine do VAR, especialmente em lances que poderiam alterar o rumo do jogo. Diante da repercussão, a CBF decidiu tornar público o material.



Imagem do lance polêmico no último jogo do Palmeiras (Foto: reprodução/x/@liberta___depre)

Nos áudios, percebe-se a segurança dos árbitros em decisões polêmicas, como o suposto pênalti sobre Tapia, que foi descartado com a justificativa de “contato acidental” e “escorregão natural do movimento”. O tom técnico e contido dos diálogos contrasta com a intensidade das arquibancadas, que ecoaram desconfiança durante toda a semana.

Entre a transparência e o teatro

A liberação dos áudios é apresentada como um avanço em transparência, mas especialistas e ex-árbitros veem um paradoxo. O material, embora acessível, reforça a sensação de distanciamento entre o que o torcedor vê e o que o árbitro interpreta.
No caso do clássico, o público pôde ouvir as decisões, mas não necessariamente compreender a lógica por trás delas. A linguagem do VAR ainda soa cifrada para quem não está habituado ao jargão técnico, algo que transforma a transparência em espetáculo, não em explicação.

O peso da confiança

Nos bastidores, dirigentes pedem que a CBF mantenha o padrão de divulgar os áudios sempre que houver dúvida pública. O gesto isolado pode parecer político, mas a credibilidade da arbitragem depende de consistência, não de exceções motivadas por pressão midiática.

A liberação seletiva, neste caso, de apenas cinco lances, também levanta um questionamento legítimo de, quem decide o que o torcedor pode ouvir

O futebol e sua eterna linha tênue

A tecnologia prometeu eliminar erros humanos, mas trouxe um novo tipo de polêmica, a da interpretação digital. O VAR, que nasceu para garantir justiça, virou personagem de debates que extrapolam o campo e alcançam o tribunal da opinião pública.

A divulgação dos áudios é um passo simbólico, mas o desafio real é outro: reconstruir a confiança no julgamento humano dentro de um esporte cada vez mais mediado por telas e algoritmos.

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