Situação de Bruno Henrique reacende debate e expõe diferença para Penalidade Máxima

Situação de Bruno Henrique difere do esquema revelado na maior investigação de fraude esportiva do país, destacando naturezas distintas no futebol

14 nov, 2025
Bruno Henrique durante jogo entre Flamengo e Vitória no Maracanã | Reprodução/Buda Mendes /Getty Images Embed
Bruno Henrique durante jogo entre Flamengo e Vitória no Maracanã | Reprodução/Buda Mendes /Getty Images Embed

A discussão sobre manipulação de resultados voltou a ganhar força no futebol brasileiro, mas a comparação entre diferentes casos mostra que nem sempre episódios semelhantes têm o mesmo peso. A absolvição de Bruno Henrique, julgada nesta quinta-feira (14) pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), reacendeu o debate sobre a fronteira entre irregularidades pontuais e esquemas organizados que atingem profundamente a credibilidade do esporte.

O atacante do Flamengo foi acusado de manipular um cartão amarelo durante o Campeonato Brasileiro de 2023, supostamente avisando pessoas próximas para que lucrassem em apostas. Apesar da gravidade da suspeita, o julgamento terminou com a absolvição por 6 votos a 3 na acusação principal. Ainda assim, Bruno Henrique foi punido no artigo 191 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva e recebeu multa de R$ 100 mil, mantendo-se liberado para atuar normalmente.

Comparando os casos

Para entender o peso do caso, é preciso compará-lo com a Operação Penalidade Máxima, a maior investigação sobre manipulação de resultados já realizada no Brasil. Diferente do episódio envolvendo Bruno Henrique, a operação revelou uma engrenagem complexa: aliciadores, operadores financeiros, intermediários e atletas recrutados para manipular eventos específicos de partidas, como cartões, gols e pênaltis.

Liderada pelo Ministério Público de Goiás, a investigação alcançou diversas divisões do futebol nacional e apontou para uma estrutura profissionalizada, movida por grandes valores e interesses de organizações criminosas. A rede agia com métodos, hierarquia e planejamento, fazendo com que os impactos fossem muito mais profundos, sistêmicos e difíceis de controlar.


Bruno Henrique durante o julgamento no STJD (Foto: reprodução/Lucas Bayer/Lance)


O caso envolvendo Bruno Henrique ganhou repercussão justamente por surgir em um cenário no qual o futebol brasileiro já vive uma tensão crescente relacionada às apostas. Diferentemente dos grandes esquemas investigados em operações como a Penalidade Máxima, o episódio envolvendo o atacante foi tratado como uma situação pontual, sem indícios de participação em redes criminosas. Ainda assim, o julgamento trouxe questionamentos sobre limites disciplinares, responsabilidade individual e o impacto das apostas na conduta dos atletas.


Bruno Henrique durante o treino no CT do Flamengo (Foto: reprodução/Gilvan de Souza/Flamengo)


A diferença entre os casos

A principal distinção está na natureza das situações.

No caso Bruno Henrique, não há indício de participação em uma rede criminosa. A suspeita era de um ato individual, ocorrido em um único jogo, em um contexto estratégico: o atacante estava pendurado e buscava “limpar” os cartões antes de enfrentar o Palmeiras em duelo decisivo pelo Brasileirão de 2023.

Já a Penalidade Máxima mostrou a existência de um sistema clandestino que operava em larga escala e afetava competições inteiras, com planejamento, hierarquia e divisão de funções.

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