Mudança de comportamento de jogadores preocupa Mano Menezes: “muito distante do futebol”

O técnico gremista falou sobre a falta de diálogo entre os jogadores; o que causa enfraquecimento e entrosamento, prejudicando nas decisões em campo

08 jun, 2025
Técnico do Grêmio Mano Menezes em coletiva (reprodução/Getty Imagem Embed/Pedro H. Tesch)
Técnico Mano Menezes

Considerado um dos treinadores mais experientes do futebol brasileiro, Mano Menezes demonstrou inquietação com a conduta da nova geração de atletas. Em entrevista à GZH, o técnico do Grêmio destacou que os jogadores de hoje estão cada vez mais distantes do futebol, inclusive nas conversas do dia a dia. Segundo ele, a falta de interesse em discutir o jogo entre os próprios colegas é um sinal claro de uma desconexão preocupante com a essência do esporte.

Mano comentou que já foi comum ver atletas combinando jogadas, trocando ideias e discutindo estratégias de maneira espontânea, algo que ele observa com menor frequência atualmente. “O que mais me preocupa no jogador de hoje é que ele está muito distante do futebol. Ele fala menos de futebol. A gente tem incentivado os nossos a voltarem a falar, a sentar e conversar sobre a coisa mais importante na nossa vida”, afirmou o técnico, ressaltando a importância da troca de ideias entre os jogadores como um aspecto fundamental para o rendimento coletivo.

Embora reconheça a influência das redes sociais nesse novo comportamento, Mano evita adotar medidas radicais, como proibir o uso de celulares nos ambientes do clube. Para ele, a solução não está na imposição de regras, mas na conscientização dos atletas sobre a importância de retomarem a convivência mais próxima e o diálogo sobre o futebol. “Tudo que é imposto não tem um resultado tão bom como a gente gostaria”, analisou.

Distanciamento afeta desempenho coletivo

O treinador vê o afastamento entre os jogadores não apenas como um fator social, mas também como algo que prejudica o desempenho técnico em campo. Segundo Mano, a superficialidade das relações acaba diminuindo a capacidade de improviso dos atletas, o que se reflete diretamente no rendimento durante as partidas. A ausência de uma convivência mais íntima e estratégica entre os jogadores tem dificultado a criação de soluções espontâneas nas situações decisivas.


Treinador gremista Mano Menezes em campo (foto:reprodução/Ruano Carneiro/Getty Imagem Embed)

Para Mano, o futebol depende de conexões humanas e entendimento mútuo dentro do elenco. Ele acredita que reconstruir esse vínculo é essencial para a evolução da equipe. “A intimidade que se tinha antes já não se consegue ter tanto, e é uma intimidade necessária para o futebol. Acho que a gente tem que trabalhar para recuperar isso”, afirmou, indicando que o fortalecimento das relações internas pode ser um caminho para melhorar o desempenho dentro das quatro linhas.

Excesso de informação gera atletas dependentes

Outro ponto que o técnico gremista destacou é o excesso de informações repassadas pela comissão técnica aos jogadores. Na avaliação de Mano, isso tem gerado uma dependência excessiva das instruções dos treinadores, limitando a autonomia e a criatividade dos atletas em campo. “A gente esmiúça tanto o jogo que passa tudo. Isso foi criando um atleta muito escondido atrás da informação do treinador”, observou.

Mano defende que os jogadores devem ser mais protagonistas e tomar decisões com base em sua leitura do jogo, e não apenas cumprir o que foi determinado antes da partida. Para ele, recuperar a capacidade de improviso e incentivar o raciocínio próprio são tarefas fundamentais no futebol moderno. “Ele precisa tomar mais decisões. A gente sempre fala isso”, finalizou o treinador, que segue tentando resgatar nos atletas o espírito participativo e pensante do futebol de outras épocas.

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