Marta e Ary Borges desabafam sobre a Copa América Feminina: “Nem na várzea era assim”

Marta e outras jogadoras da seleção brasileira fazem duras reclamações a estrutura da Copa America feminina

17 jul, 2025
Marta em media day da seleção brasileira |
Reprodução/x/@keno_marley1
Marta em media day da seleção brasileira | Reprodução/x/@keno_marley1

O placar elástico contra a Bolívia até poderia resumir a noite da Seleção Brasileira feminina na Copa América. Mas, não foi o 6 a 0 que dominou as manchetes, foram os desabafos. Em um vestiário abafado, com cheiro de tinta fresca e espaço apertado, o futebol feminino sul-americano voltou a escancarar uma de suas maiores feridas: a falta de estrutura.

Depois do apito final, Marta e Ary Borges não esconderam a frustração, e não era só com o calor equatoriano.

“Isso é ridículo”

Marta, a maior referência da história da Seleção, não precisou de muitas palavras para resumir o sentimento do grupo:

“A gente não pode nem aquecer no campo… é muito abafado aqui, tem altitude. Isso afeta a gente. É ridículo”.

Era difícil saber se ela falava como jogadora, como veterana ou como mulher que já viu, e viveu, muito dentro do futebol. Talvez fosse tudo isso ao mesmo tempo.

Ary Borges: “Queria ver o presidente da Conmebol aquecer aqui”

Ary Borges também não economizou. Em tom firme, denunciou o tamanho do espaço reservado para o aquecimento: entre 10 e 15 metros quadrados para todo o time.

Queria ver se o presidente da Conmebol conseguiria aquecer ali dentro. Nem na várzea era assim”.

A declaração viralizou. Não pela ousadia, mas por dizer em voz alta o que há tempos se sussurra nos bastidores do futebol feminino: ainda falta respeito.

Arthur Elias: “Estamos aqui para cobrar”

O técnico Arthur Elias fez coro ao time. Sem levantar a voz, mas com argumentos fortes, pontuou que essas condições colocam a saúde das jogadoras em risco.

Uma atleta nossa quase se lesionou antes mesmo do jogo. Isso afeta desempenho, ritmo, tudo”.

Ele foi além: pediu que as federações se posicionem e que a Conmebol reveja o modelo de organização, lembrando que a Copa do Mundo de 2027 será no Brasil, e que o continente precisa estar à altura.

O jogo virou detalhe

O Brasil venceu. Goleou. Convenceu. Mas, quando Marta e Ary Borges falam, é o futebol que escuta. Não são críticas vazias, são alerta de quem está no campo, sentindo na pele a diferença de tratamento entre o futebol masculino e o feminino.

E mesmo após uma noite de vitória, o sentimento que ficou não foi de comemoração, mas de cansaço, não físico, mas de lutar tanto por condições mínimas, em pleno 2025.


Marta pelo último jogo da seleção brasileira (Foto: reprodução/x/@copaamerica_POR)

Não é só futebol

A voz de Marta carrega mais do que palavras. Carrega a experiência de quem dedicou a vida ao esporte. Quando Ary fala, ela representa uma geração que exige o que deveria ser básico: respeito, igualdade e dignidade.

A bola vai continuar rolando na Copa América. Mas, para muitas jogadoras, já não é só sobre vitórias em campo, é sobre garantir que as próximas gerações encontrem um cenário mais justo do que o atual.

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