“Escorregou”: o áudio que virou símbolo da crise de confiança no VAR brasileiro

Áudio do VAR com Ramon Abatti em São Paulo x Palmeiras gera revolta frase “escorregou” vira símbolo da crise de confiança na arbitragem

09 out, 2025
Ramon Abati Abel como juiz  | Reprodução/X/@portal_palestra
Ramon Abati Abel como juiz | Reprodução/X/@portal_palestra

A divulgação dos áudios do VAR no clássico entre São Paulo e Palmeiras ultrapassou o campo das quatro linhas. Entre as vozes técnicas e os protocolos frios, uma frase em especial ecoou nas redes sociais: “Escorregou.”

Pronunciada pelo árbitro Ramon Abatti Abel ao revisar um possível pênalti em Gonzalo Tapia, a palavra se transformou em combustível para um debate que vai muito além de um lance duvidoso. Ela se tornou símbolo de uma crise de confiança na arbitragem e na própria lógica do VAR no futebol brasileiro.

Um diálogo que virou polêmica

No áudio divulgado pela CBF, Abatti conversa com a cabine de vídeo e ouve que o contato de Luan com Tapia foi “acidental” e “sem impacto suficiente”. O árbitro concorda e mantém o jogo correndo.
No papel, é uma decisão técnica; no imaginário do torcedor, soa como descaso com a emoção e o contexto de um clássico tenso e decisivo.

Nas redes sociais, torcedores de diferentes clubes reagiram com ironia e indignação. “Escorregou” virou meme, bordão e até sinônimo de suposta conivência com erros, uma resposta emocional ao que muitos consideram um distanciamento crescente entre a arbitragem e o torcedor comum.

Transparência ou exposição

A divulgação dos áudios é vendida pela CBF como um gesto de transparência, mas a reação popular mostrou o efeito oposto. O que era para aproximar acabou expondo ainda mais a falta de empatia da comunicação da arbitragem.
O torcedor ouviu o que sempre quis: o que o juiz fala. Mas descobriu que, muitas vezes, o tom das decisões parece impessoal demais para um esporte movido pela paixão.


Imagem com fala do Juiz que tanto foi polêmica no último fim de semana (Foto: reprodução/x/@rodrigobuenotv)

Mais do que técnica, o público quer explicação e coerência. Sem contexto, as falas do VAR soam como uma conversa de laboratório, e não como parte viva do jogo.

O desafio do VAR no Brasil

O caso de São Paulo x Palmeiras reacende a discussão sobre como o VAR deve se comunicar com o público. O futebol é emoção, mas a arbitragem brasileira ainda opera como se fosse um tribunal hermético.
Não basta liberar os áudios: é preciso humanizar as decisões, explicar critérios e permitir que o torcedor entenda o raciocínio — e não apenas o veredito.

Enquanto isso, o termo “escorregou” segue circulando como um lembrete involuntário: o VAR pode até enxergar tudo, mas ainda tropeça em algo essencial, a confiança de quem assiste.

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