Criado na baixada fluminense no Rio de Janeiro, Rafael Soares tem uma história parecida com a de muitos brasileiros. Filho de uma família com quatro pessoas, viu o pai “se virar” em diversas crises por meio do empreendedorismo. Ali, segundo ele, a sementinha já havia sido plantada.
“Eu lembro que às vezes ele ficava desempregado, mas sempre dava um jeito. Uma hora era vendendo salgados, outra caldo de cana com pastel. Mesmo com a dificuldade, eu gostava daquilo. Ele tinha liberdade para passar mais tempo com a gente nesses períodos”, explica.
Contudo, entre os anos 1980 e o fim da década de 1990 o Brasil não soube o que era viver sem crises. Metalúrgico, o pai de Rafael, Luis, vendeu um apartamento junto com a esposa, Lídia, em meados de 1989, pouco antes do famigerado confisco da Poupança durante o governo de Fernando Collor de Mello.
“Sempre havia uma dificuldade nova. Eu vi meu pai desesperado quando o dinheiro foi retirado da conta. Foram anos de trabalho que desapareceram em um toque de mágica”, revela.
12 anos depois, durante o trabalho, Rafael conta que o pai teve um AVC e veio a falecer pouco tempo depois. Com 15 anos de idade, cabia a ele a missão de ajudar a mãe no sustento da irmã, que na época tinha 11 anos de idade.
O empresário conta que uma das alternativas foi começar a vender sanduíches naturais e empadão na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.
“Eu pegava o trem até lá três dias por semana e vendia debaixo do sol quente. Se sobrasse algo, eu tentaria vender no transporte público, voltando para a casa. Não podia ter desperdício”, relembra.
Aos 17 anos, foi trabalhar na mesma empresa onde o pai havia falecido, na função de auxiliar de escritório. O emprego durou apenas quatro meses, tempo suficiente para juntar dinheiro e abrir uma loja de informática que faliu dois anos mais tarde. Depois disso, teve uma rede de lan houses, que foi vendida para a abertura de um bar, que foi quando surgiu a ideia de criação da Santa Carga.
O início de tudo
O espaço era movimentado. O nome era Botequim Dialeto Carioca. Segundo Rafael, o local lotava aos finais de semana e já possuía uma clientela fixa, que tratava os garçons pelo nome.
“O pessoal sempre pedia para carregar o celular e, obviamente, atendíamos os pedidos. Era uma cortesia para os nossos clientes, mas um dia algo chato aconteceu. O celular de uma dessas pessoas caiu dentro da água e queimou. Tive que arcar com o prejuízo, mesmo fazendo um favor para ela”.
Ali, conta Rafael, ele teve um estalo. Era preciso criar algum sistema que fosse cômodo e seguro para as pessoas recarregarem os aparelhos, mas que também trouxesse algum retorno financeiro.
“Pedi para um marceneiro elaborar uma caixa de madeira com uma tela na vertical com alguns cabos conectados. Foi um sucesso. Todos que iam até o espaço em algum momento utilizavam o totem para fazer a recarga e os concorrentes começaram a perguntar sobre isso”.
Rafael, então, começou a pensar em modelos que fizessem sentido para o mercado. Como sempre teve relação com a informática, pensar em algo com os aparelhos não foi a maior dificuldade. “Pensei em exibir anúncios de empresas e comecei a vender a ideia. Criei um site e em dois meses comecei a receber pedidos”, revela.
A partir do sucesso do negócio, o empresário conta que começou a pleitear espaços em eventos e redes de empresas. Hoje, a Santa Carga tem no portfólio de clientes marcas como Rock In Rio, Game XP, Hyundai e outros.
“Hoje os totens são vendidos para bares, restaurantes, hospitais e estão presentes em congressos e eventos de um modo geral”.
Negócio virou franquia
Após enfrentar uma crise sem precedentes no mercado de gastronomia, hotelaria e eventos, a empresa passou por um processo de reestruturação e aderiu ao sistema de franquias em 2021.
“Hoje são mais de 400 franquias espalhadas por diversas localidades do país. Quem investe na abertura de uma operação, atua com a venda e a gestão dos anúncios que são exibidos na tela do totem do franqueado. Boa parte do trabalho pode ser desenvolvido de casa e os custos para o empreendedor são bastante baixos”, finaliza.
Em 2022, a marca fechou o ano com um faturamento da ordem de R$ 2.4 milhões e, para 2023, o objetivo é chegar a R$ 5 milhões, já com 500 unidades em operação.
Segundo Rafael, o plano para alcançar tais resultados não consiste apenas em um comercial forte, mas na otimização dos serviços oferecidos aos clientes finais.
“Temos investido em parcerias e tecnologias que nos ajudam a agregar valor aos serviços oferecidos. Uma delas é a aquisição de uma companhia no mercado de marketing digital, que nos ajudará a ampliar o leque de opções que a Santa Carga oferece”, explica.
Sobre a Santa Carga Totens e Carregadores
Há quase 20 anos no mercado, a Santa Carga Totens e Carregadores é uma rede de franquias que trabalha com mídia paga dentro de estabelecimentos, eventos e outros. Os totens criados pela empresa, que é associada da ABF, exibem propagandas e disponibilizam pontos de recarga de dispositivos móveis. O modelo também pode ser instalado em localidades de qualquer porte desde que observadas as peculiaridades de cada região.
Valor de investimento: a partir de R$19,9 mil
Faturamento médio (mês): R$8 mil/mês
Tempo de retorno: 8 meses (variável)
Site da empresa: https://franquia.santacarga.com.br/
Foto Destaque: Reprodução