Cleo Pires Ayrosa Galvão ou apenas Cleo, atriz e cantora de 40 anos, filha de Gloria Pires e Fábio Jr., sentiu-se ofendida com um comentário de um seguidor que comparava a cantora a Deborah Secco, dizendo que Deborah, ”forçada”, seria a nova Cleo Pires, porque ambas "só sabem fazer sexo", e fez não só fez questão de responder em vídeo publicado em suas redes sociais, como viu a oportunidade de tocar em um tema importante.
Cleo Pires respondedo a intenauta sobre comparação com Deborah Secco. (Vídeo: reprodução/Instagram/@cleo)
Eu sou eu, ela é ela
A atriz deu início ao vídeo afirmando estar “cansada” de ser estigmatizada por se sentir à vontade para “falar abertamente sobre sexo”, assim como percebe que também acontece com outras mulheres na mesma situação. Fez questão de deixar claro que ela é ela, e que a Deborah é a Deborah.
Cleo seguiu questionando o por quê de os homens que demonstram o mesmo comportamento o tem naturalizado; e justificou essa aceitação por parte da sociedade com o machismo estrutural - construção social que afirma a dominação patriarcal, falocêntrica, onde se enaltece o “masculino” em detrimento do “feminino”, principalmente no que tange a sexualidade. Helio Hintze, psicanalista, pós-doutorando na área de Formação de Educadores, que pesquisa o tema da desconstrução do machismo ao participar do evento “Machismo Estrutural: palestra aborda maneiras de identificar opressão”, promovido pela Escola do Legislativo em agosto de 2022, destacou que o machismo se organiza através do discurso, de uma “leitura sociológica da biologia” que coloca o “masculino” associado à virilidade, a moralidade e a força, o que torna o homem superior a mulher e, portanto, digno da dominação.
Mulher silenciada. (Foto: reprodução/iStock)
Machismo estrutural
Na sequência do vídeo, a atriz quase "agradeceu" ao autor do comentário por lhe proporcionar a oportunidade de tocar neste assunto, algo sobre o qual afirmou nunca ter “falado tão abertamente sobre”.
Ao expandir a questão, Cleo dissertou sobre a diferença de julgamento por parte da sociedade quando se trata de homem e mulher. Segundo ela, o homem com uma vida sexual “bem” ativa, e que se gaba de seus feitos, simplesmente está cumprindo seu papel de “Homem”. Já, a mulher, se demonstrar o mesmo comportamento ou, simplesmente, não se “amarra” a um único ser por toda sua vida, é depreciada, estigmatizada, tida como indigna de respeito - desta forma, é neste ponto que ela e Deborah se encaixam.
Cleo encerrou sua resposta fazendo um apelo ao público, para que observem mais atentamente este fenômeno no dia a dia, e suas nuances, sugerindo que comecem pelos esportes: “...a Copa do Mundo de futebol feminino. Vocês acham que é a mesma coisa?"
Foto Destaque: Cleo Pires e Deborah Secco. Reprodução/Instagram/@cleo/@dedesecco.