Três anos depois de sofrer uma série de ataques racistas durante as filmagens de “Juntos e Enrolados” no pátio do Batalhão do Corpo de Bombeiros, a ação indenizatória movida pela atriz Cacau Protásio contra o Estado do Rio de Janeiro ganhou novos capítulos.
Em novembro de 2019, época da produção cinematográfica, a atriz que interpretava uma sargento desejada por outro bombeiro, foi alertada sobre um áudio que circulava nas redes sociais. Nele, era possível ouvir diversas ofensas à atriz e ao elenco do filme. "Vergonhoso, vergonhoso. Mete aquela gorda, preta, f*lh% da p&t%, numa farda de bombeiro, uma bucha de canhão daquela. Olha a vergonha aí, no pátio do quartel central. Aquela gorda botou uma farda aí e botou uns dançarinos v&ados com roupa de bombeiro", dizia a voz no áudio.
Além do explicito conteúdo racista, o áudio também era composto por atos gordofóbicos e homofóbicos. Cacau, na época, chegou a registrar um boletim de ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), no Rio de Janeiro, mas desde então, segue na luta judicial por uma retratação pública.
Cacau Protásio durante as gravações de “Juntos e Enrolados” (Foto: Reprodução/Instagram/@cacauprotasiooficial)
As fases do caso
Recentemente, em entrevista à Revista Quem, a advogada de Cacau, Any Guedes, explicou novos detalhes sobre o caso e suas fases. Segundo ela, na primeira fase, o episódio chegou a ser noticiado na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, porém as investigações e a identificação dos autores do crime racista foram feitas por sindicância instaurada, justamente, pelo próprio Corpo de Bombeiros.
Any conta também que, após essa fase, teve início a demanda judicial de responsabilização civil na Justiça, com pedido de indenização por danos morais, assim como adoção de práticas antirracistas pelo réu.
Ela também revela que o Estado do Rio de Janeiro não nega os fatos do caso. No entanto, requerem a improcedência da ação que alegue de que os ofensores raciais não tenham agido na qualidade de integrantes do Corpo de Bombeiros. "O Ministério Público do Rio de Janeiro se manifestou no processo em primeiro grau opinando pelo provimento integral dos pedidos feitos pela artista em sua inicial", afirma.
Indenização
Na ação, Cacau Protásio recebeu R$ 30 mil por danos morais. Contudo, nem todos os seus outros pedidos foram acatados. “No seu recurso, ela requer o provimento do pedido de adoção de uma medida antirracista pelo réu [o Corpo de Bombeiros do Estado do Rio], ainda que mediante a publicação de vídeo curto em suas redes sociais, para fins de que tal atitude não se repita e a reparação possa atingir tanto a atriz quanto todas as pessoas que se identificam com ela e se sentiram afetadas pelos atos antirracistas sofridos por ela”, explica Any.
Segundo a advogada da atriz, no momento, o processo aguarda a remessa ao segundo grau para julgamento das apelações através de uma das câmaras do Tribunal de Justiça do do Rio de Janeiro (TJRJ).
Foto Destaque: A atriz Cacau Protásio, hoje em dia com 48 anos (Reprodução/Carolina Demper)