A atriz criticou a corrupção em cima do auxílio emergencial e impunidade dos criminosos
A atriz e apresentadora Bruna Lombardi (68), cedeu uma entrevista à revista IstoÉ. Durante o bate-papo, Bruna deu sua opinião sobre o atual governo de Jair Bolsonaro, cenário da pandemia de Covid-19, mudança para os Estados Unidos, liberdade e vida profissional.
A princípio, Bruna ressaltou a importância das pessoas que fazem trabalhos voluntários na pandemia. “Paralelamente aos voluntários que gastam o seu tempo, e até o seu dinheiro para servir, existem pessoas privilegiadas que neste momento de dificuldades usam de seus cargos públicos para roubar a merenda das crianças, e até mesmo recursos do auxílio emergencial”.
Em seguida, a atriz criticou a elite brasileira e a impunidade que esta recebe."Fazem isso com a certeza de que não serão punidos. O que você acha que precisa mudar? É uma elite criminosa. E o mais triste disso tudo é a impunidade, porque esse não é o exemplo que eu queria que o Brasil desse para os seus filhos. Agindo assim, é como se falássemos: sejam criminosos, porque criminosos se dão bem".
Ademais, Lombardi chamou atenção para a desigualdade no Brasil. "Vivemos em um país desigual, onde, para alguns, não existe a lei. Eles estão acima da lei. Eu vivo nessa indignação e imagino que todos vivamos".
Bruna Lombardi opina sobre governos americano e brasileiro
Durante a entrevista, Bruna Lombardi não se mostrou satisfeita com a atuação de Bolsonaro e chamou atenção para os problemas que são enfrentados hoje. “Às vezes nos distraímos olhando o presente e isso não é ruim. Só que a gente se perde e esquecemos de pensar no que estamos plantando para o futuro. Depende de cada um de nós. E o futuro vai ser muito mais breve do que a gente pensa. A nossa sociedade precisa tomar conta das suas mazelas enraizadas na sociedade há tempos, como o machismo e o racismo”.
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Anteriormente, Bruna Lombardi se mudou para os Estados Unidos com o intuito de proteger o filho dos holofotes. A atriz comentou sobre a ascensãode governantes conservadores nos EUA e no Brasil. “Voltamos para discutir coisas que acreditávamos que já estavam superadas. No entanto, estamos engatinhando de novo, debatendo coisas básicas, que já não deveriam mais fazer parte da rotina. Por outro lado, elas estão na pauta com uma reação diferente de 50 anos atrás. Estamos caminhando para uma grande conscientização, um grande despertar”.
Por fim, Bruna explicou como o período em que viveu nos EUA contribuiu para sua vida. A atriz contou que na época em que mora nova exterior, o presidente era Bill Clinton e ressaltou as diferenças entre o Brasil e Estados Unidos. “Aqui, no Brasil, estávamos em um momento bem complicado. Já tínhamos passado por um período melhor, quando as ruas foram tomadas pelas manifestações das Diretas Já. Mas aí veio o combate à censura imposta pela ditadura. Passamos a ter a ilusão de que finalmente estávamos chegando a um processo de mudanças”.
Bruna Lombardi fala sobre carreira e trabalho na pandemia
A atriz foi questionada sobre o processo criativo na pandemia e, logo após, chamou atenção para a saúde mental. “Nós estamos vivendo não só uma pandemia, mas grandes crises existenciais, de busca de sentido, de saúde mental. Esse também é um dos temas da nossa expressividade. A saúde mental é uma pandemia invisível, de medos, ansiedade e depressão”.
Bruna também explicou como a poesia atua na vida dela e afirmou que é preciso estar atento à vida em si. “Eu acredito que todo leitor de poesia tem poesia dentro de si, para poder escutar essa música inaudível. Essa emoção transformada em palavras. E o processo de escrever nasce da observação.É preciso estar atento à vida. Não só para a vida circunstancial, mas para a vida essencial”.
Para Lombardi, o Ministério da Cultura “está em uma situação emergencial”. Além disso, para a atriz, os ministérios estão interligados e “não podem ser estudados separadamente”. “Nessa ideia de que somos todos conectados, não adianta voltar a atenção para um único setor se os outros não funcionarem à altura. Nessa pandemia estamos vendo a importância do setor cultural. Assim como a saúde, está tudo interligado”, finalizou.
(Foto destaque: Bruna Lombardi. Reprodução/IstoÉ)