Em entrevista ao Jornal Extra, o ator Amaury Lorenzo respondeu que se considera um membro da comunidade LGBTQIA+. Disse que não tem problema em falar sobre isso, que entende a curiosidade do público, desde que essa questão não fique acima do seu trabalho como ator.
Personagem Ramiro – da repulsa ao amor do público
Braço direito de Antônio La Selva (interpretado por Tony Ramos), Amaury Lorenzo interpreta o personagem Ramiro, que chamou a atenção dos telespectadores no início da novela Terra e Paixão por sua brutalidade, quando executou o então marido de Aline, protagonista da trama. Segundo o ator a violência apresentada pelo capataz era motivada por ser produto do meio, afinal de contas precisava “colocar comida na mesa para sobreviver.”
Com o desenrolar da história, Ramiro foi abrandando o coração. Contracenando com Diego Martins, que dá vida ao personagem Kelvin, ele viu surgir um novo sentimento. Amaury conta que resolveu usar uma estratégia: “Pensei no caminho do humor, porque seria uma maneira leve de ir tocando o coração das pessoas.” E deu certo. Ele relata que “as pessoas pedem beijo, mas já estão acontecendo tantas outras coisas entre eles, de avanço... o beijo vai chegar.” O sucesso foi tanto que o público já está até shippando os dois com a #kelmiro
Foto: Ramiro e Kelvin em Terra e Paixão (Reprodução/Globo)
Relatos de vivências sobre homofobia
Relembrando o passado, Amaury, natural de Congonhas/MG, conta que é amante das artes desde criança. Com oito ou nove anos já fazia balé clássico, porém começou a despertar o preconceito nas pessoas ao seu redor. Ouvia piadinhas nas ruas de pessoas adultas, coleguinhas de escola e até de sua professora de inglês. Ele passou a ter vergonha de dançar. O amor pelas artes não diminuiu e ele conheceu o teatro.
Ainda na juventude mudou-se para o Rio de Janeiro, onde cursou Artes Cências pela UniRio e se estabeleceu. Foi professor de teatro para jovens LGBTQIA+ por mais de 15 anos e relatou alguns problemas com homofobia vivenciados. Contou que teve três alunos assassinados em virtude da discriminação, sendo que um deles foi morto pelo próprio pai. Sem contar os casos em que alguns eram discriminados dentro de casa, com expulsões pelos pais e até um que foi espancado na rua por estar ficando com outro homem. Ele se mostra pronto para abraçar a causa e participar dos movimentos que a defendem.
Foto destaque: Ramiro, interpretado por Amaury Lorenzo em Terra e Paixão. Reprodução/Globo/João Miguel Júnior
