Diariamente, podemos ter a sensação da vida mais estressante. Um Relatório Global sobre Saúde Mental, que foi divulgado pela Organização Mundial Saúde (OMS), mostra que 374 milhões de pessoas ao redor do mundo estão convivendo com transtornos de ansiedade após a pandemia, um crescimento de 26% em apenas um ano.
Um estudo coordenado pelo médico psiquiatra e professor do Departamento de Neuropsiquiatria da Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, Vitor Crestani Calegaro, acompanhou o estado mental de voluntários nos primeiros meses de pandemia. Pouco tempo após o anúncio de isolamento, 65% relataram piora da saúde mental. “Foi um momento de adaptação, incerteza e medo, o que sempre vai levar a picos de estresse”, afirma o especialista. “Além do emocional, o corpo também fica abalado com o estado de tensão. O crescimento da produção de cortisol, hormônio ligado ao estresse, provoca aumento da pressão arterial, da frequência cardíaca, ganho de peso e distúrbio do sono, entre outras coisas”, completa Vitor, em entrevista a revista Vogue.
Com o crescimento do número de pessoas que se sentem sobrecarregadas com suas tarefas diárias, a velocidade com que os fatos foram acontecendo e a pressão do mundo, o cenário levou o surgimento de uma indústria focada na prevenção e redução de danos dos efeitos da ansiedade e do estresse.
Um relatório do Quince Market Insights mostra que o mercado de gestão do estresse valia mais de US$ 18 milhões em 2020 e pode ter um crescimento aproximado de 3,5% por ano até 2030.
Com a era tecnológica, aplicativos criados para auxiliar a prática de meditação e exercícios de respiração se incluem no tratamento em áreas como acupuntura, suplementos alimentares relaxantes. Alguns dos exemplos, O Zen, aparelho da empresa francesa Morphée, propõe meditações, e o aplicativo holandês Alphabeats sugere músicas para ajudar em condições mentais variadas.
O Zen, aparelho da empresa francesa Morphée (Foto: Reprodução/Instagram)
O setor de cosméticos e cuidados pessoais também vem adicionando mecanismos como produtos com componentes relaxantes retirados da aromacologia, como o óleo essencial de lavanda, que é usado para ajudar nos distúrbios do sono, como também produtos de higiene pessoal e beleza. É preciso lembrar que essas alternativas não funcionam como tratamento para problemas de saúde mental. “Toda ferramenta capaz de promover o bem-estar e o equilíbrio de vida é válida, mas é preciso entender que esses artifícios agem como um complemento, um auxílio paliativo. Quando uma condição mais séria está instalada, é fundamental procurar ajuda especializada e o diagnóstico médico”, ressalta o psiquiatra Filipe Batista, de São Paulo, em entrevista a resvista Vogue.
Condições conhecidas como piscodermatose: dermatites, acne, rosácea, síndrome da pele sensível, queda de cabelo focal (alopecia areata) e até vitiligo podem estar ligadas diretamente a rotina estressante. “Algumas doenças têm fatores genéticos, mas o gatilho é emocional”, diz a dermatologista Lilia Guadanhim também em entrevista a revista Vogue.
“O mecanismo mais conhecido e o principal na cascata multissensorial do envelhecimento é a radiação solar. Mas o estresse pode aumentar a formação de radicais livres que, por sua vez, vão elevar a degradação do colágeno e a diminuição da produção dele. Alguns hábitos de rotinas estressantes, como privação de sono, aceleram esse processo”, explica Lilia Guadanhim, dermatologista, ela acredita que a rotina de beleza pode ser apenas o começo de um caminho muito maior de autocuidado. “É importante que esse momento seja agradável, com estímulos sensoriais e de aromas, porque representa o início de uma espiral de olhar mais para você mesma e para a sua autoestima”, completa.
Foto Destaque: Técnica de meditação. Reprodução/Pinterest