Não é à toa que a pele é o maior órgão do corpo humano: manchas, rugas e cicatrizes são processos relacionados às múltiplas experiências pela qual a saúde e estética de uma pessoa podem passar. No entanto, a disseminação de padrões de beleza é responsável por desestimular homens e mulheres a se exporem confortavelmente. Por isso, o skin positivity é um movimento que valoriza a diversidade entre os tipos de pele.
Skin - (Reprodução/FreePik)
O movimento surgiu em 2015, nas redes sociais, após o vlogger Em Ford compartilhar um vídeo respondendo comentários com críticas sobre sua pele acneica. A repercussão da discussão foi marcada pela adesão em massa da hashtag #skinpositivity, que já somam mais de 260 publicações. No Brasil, o movimento é conhecido como pele livre.
A onda de manifestações online pela naturalização de peles com acne, manchas, sinais e outras questões também recebem hashtags como #acnepositivity e #loveyourskin, com mais de 400 mil e 3,5 milhões de publicações, respectivamente.
Para os dermatologistas, profissionais que testemunham em seus consultórios a frustrações de inúmeros pacientes descontentes com a aparência de sua pele, o movimento ajuda a promover a autoaceitação:
"Esse é um movimento importante, que pode ser muito benéfico para a autoaceitação, principalmente em pacientes que têm, sim, condições de pele que não conseguem ser controladas, mudadas ou tratadas", disse a dermatologista Fernanda Porphirio, de São Paulo, para a revista Glamour.
Segundo a dermatologista Fabiana Seidl, as redes sociais disseminam um ideal inalcançável de beleza, o que gera nos usuários uma insatisfação crônica com a própria aparência, sempre comparada aos filtros e publicações editadas.
"O que ninguém percebe é que essas referências passaram por filtros ou tratamento de imagem. As pessoas acabam acreditando que aquela figura é real, mas ela nunca será alcançada. Percebo que as pacientes, muitas vezes, querem uma pele que não existe na realidade e buscam alcançar o efeito que os filtros do Instagram produzem. A grande questão é que isso é impossível de ser alcançado fora das telas, o que acaba gerando frustração e uma insatisfação crônica com o reflexo no espelho", disse a dermatologista Fabiana Seidl, do Rio de Janeiro, entrevistada pela revista Glamour.
Segundo a psicóloga Ana Volpe, buscar por uma pele saudável, dentro do possível e de acordo com as condições de cada pessoa, deve ser a principal preocupação de quem busca se sentir bem com sua pele, afinal, a saúde da pele reflete naturalmente na sua aparência.
Assim, o movimento Skin positivity é uma oportunidade de valorizar uma aparência cuja beleza é relacionada ao natural e autocuidado. Ele estimula a liberdade, para cada um se expor à vontade com seu tipo de pele, assim como permitir que o outro faça o mesmo.
Foto destaque: Diferentes tipos de pele (Reprodução/FreePick)