A relação entre alta-costura e perfumes é uma trama fascinante que se desenrola ao longo do tempo, marcada por revoluções, ícones e paradoxos. Desde os primeiros passos dados por Paul Poiret, em 1911, até o surpreendente boom das perfumarias de nicho nas últimas décadas, a interação entre moda e fragrâncias revela-se como uma história emocionante. Confira a seguir, a linha do tempo da junção entre perfumaria e alta-costura.
Embalagem e frasco de "La Rose de Rosine" por Rosine. c.1912 (Foto: reprodução/PoiretPerfumes)
O início da mágica olfativa: Paul Poiret e Rosine’s Perfumes (1911)
Em 1911, Paul Poiret, já renomado como estilista, ousou ao lançar a linha de perfumes "Rosine's Perfumes", batizada em homenagem à sua filha. Contudo, sua falta de instinto mercadológico fez com que a iniciativa se tornasse um sucesso efêmero, deixando para trás uma herança apagada.
Frasco original de "Chanel Nº5" (Foto: reprodução/Pinterest/@Design/Ed)
Chanel e a revolução perfumada (1921)
A verdadeira revolução veio em 1921, pelas mãos de Gabrielle Chanel, que, em parceria com Ernest Beaux, deu vida ao icônico Nº 5. Essa fragrância não apenas se tornou a mais famosa de todos os tempos, mas também inaugurou o conceito do "look total", onde um traje não está completo sem um perfume complementar.
Anúncio do clássico "Miss Dior", de 1947 (Foto: reprodução/Pinterest/@wordpressdotcom)
Pós-Guerra: Dior, Yves Saint Laurent e expansão de nichos
Após a Segunda Guerra Mundial, a alta-costura abriu portas para outras indústrias, incluindo joalheria e relógios. Grandes designers como Christian Dior seguiram os passos de Chanel, criando perfumes como extensões de seus estilos de vida e conceitos de moda.
Frascos originais da década de 1980 de Estee Lauder Parfum (Foto: reprodução/Pinterest/@etsy)
Perfumes além da alta-costura: A Era 1970/1980
A produção de perfumes tornou-se internacional e democrática nas décadas de 1970 e 1980. Marcas de pret-a-porter, como Hugo Boss, entraram no cenário, juntamente com gigantes cosméticos como Estee Lauder e Shiseido. A década de 1980 e 1990 testemunhou uma nova geração de designers, incluindo Jean Paul Gaultier e Thierry Mugler, reconhecendo nos perfumes uma extensão estilística de suas criações de moda.
Christine Nagel, perfumista independente (Foto: reprodução/Denis Boulze/Instagram/@hermes)
Revolução Niche: perfumarias independentes
Nos últimos 15 anos, testemunhamos o surpreendente boom das chamadas perfumarias de nicho. Marcas como Annick Goutal, L'Artisan Parfumeur e Frédéric Malle emergiram das sombras das grandes casas de moda, liderando as tendências e forçando os gigantes a redefinir seus modelos. Perfumistas renomados, como Jean-Claude Ellena e Christine Nagel, agora estão no epicentro desse movimento, inspirando as criações das grandes casas.
Perfume e moda na Era Contemporânea
Em um mundo em constante mudança, o perfume emerge como um elemento atemporal que proporciona experiências olfativas duradouras. A relação entre alta-costura e perfumes, embora cheia de contradições, continua a ser uma dança intrigante entre o efêmero e o eterno, moldando a indústria da moda e das fragrâncias ao longo dos séculos. Enquanto se multiplicam fragrâncias inspiradas em celebridades produzidas de forma massiva, a alta-costura refina suas essências para expressar ideias maiores, interligadas a conceitos elaborados, refinamento e busca do atemporal.
Foto destaque: propaganda antiga da marca Chanel Nº5. (Reprodução/Pinterest/@trendencias)