A Ilha Anchieta, situada em Ubatuba, São Paulo, teve um passado marcado por sua função como uma prisão de segurança máxima. No entanto, o local vive hoje uma realidade completamente diferente, com empreendimentos turísticos operados pela iniciativa privada, incluindo um hostel e um restaurante para receber os visitantes. Em abril deste ano, a Fundação Florestal, órgão do governo de São Paulo responsável pela gestão da Ilha Anchieta, assinou um contrato de permissão de uso por 10 anos com a empresa Ebram Fiore, vencedora do processo de licitação.
Com uma área de aproximadamente 826 km², Anchieta é a segunda maior ilha do estado. A partir de 1942, passou a abrigar os prisioneiros mais perigosos, transformando-se em uma penitenciária de alta segurança. Ela foi palco de uma das rebeliões mais violentas do país, conhecida como a "chacina de Anchieta", que resultou na morte de 25 pessoas.
Logo da Fundação Florestal de São Paulo. (Foto: reprodução/Instituto Ilhabela Sustentável)
O contrato
O contrato não implica na transferência total da gestão da ilha para o setor privado. Ele apenas autoriza a operação de serviços turísticos, como hospedagem, alimentação e atividades de lazer nas estruturas já existentes, que não eram exploradas pela Fundação Florestal.
Não é permitida a construção de novos edifícios na ilha, e o espaço histórico, onde se encontram as ruínas da antiga prisão, não pode ser utilizado para fins comerciais. A operação teve início oficialmente em 23 de setembro.
Ponto turístico
Atualmente, o Parque Estadual da Ilha Anchieta conta com três edifícios destinados à hospedagem, uma lanchonete, banheiros e churrasqueiras disponíveis para aluguel. As áreas de hospedagem correspondem aos locais onde funcionavam unidades de saúde e uma escola na época em que a ilha era uma prisão.
A Ilha Anchieta oferece três opções de hospedagem: dois hostels com quartos privativos e coletivos, além de uma casa disponível para locação de temporada. Os hostels oferecem um total de 68 leitos e diferentes configurações de quarto, com tarifas a partir de R$ 249 por dia, incluindo café da manhã.
O local conta também com um restaurante que, de acordo com o contrato, serve pratos inspirados na cultura caiçara, com ingredientes locais como frutos do mar e vegetais da região de Ubatuba. O cardápio abrange diversas preferências, com destaque para pratos como arroz com lula e peixe ao molho de camarão, com preços variando de R$ 69 a R$ 93 por pessoa.
Objetivo da concessão
A concessão do uso à iniciativa privada visa impulsionar o turismo e fortalecer o desenvolvimento socioeconômico da região, criando oportunidades de emprego e renda.
Em comunicado, a Fundação Florestal afirmou que, com a iniciativa, haverá uma valorização da produção e da mão de obra locais, uma vez que será obrigatório para a empresa a contratação de 70% de colaboradores residentes em Ubatuba ou Caraguatatuba, além da priorização da comercialização de pescados e frutos do mar obtidos da pesca artesanal local.
Além das permissões de uso, a empresa é encarregada da manutenção e limpeza das praias, parte das edificações e trilhas, bem como do controle de acesso dos visitantes.
Foto destaque: Ilha Anchieta. Reprodução/Samsara Charter