Anos após uma geada inesperada atingir e matar a colheita de melões de sua família, o que na época era o sustento de seu avô, Sam Levin revive a história familiar, mas dessa vez com a tecnologia a seu favor.
Levin se tornou CEO e cofundador da Melonfrost (em tradução literal significa “geada de melão”), startup de evolução que combina duas ferramentas próprias, o software Maia e o hardware Evolution Reactor, para realizar a seleção de fenótipos capazes de resistir às intempéries da natureza, evitando catástrofes como a que sua família passou anos atrás.
Cientistas reunidos no escritório da Melonfrost. (Foto: Reprodução/Forbes EUA)
A empresa sediada no Brooklyn, NY, combina os dois sistemas próprios para conduzir a evolução em um circuito fechado automatizado, de modo a fornecer um método mais eficiente de produção e projeção de novos micróbios em escala, podendo ser utilizado na seleção de alimentos, passando por energia até materiais sintéticos.
De acordo com o CEO, o objetivo é atingido graças ao cultivo, não à engenharia ou construção do futuro.
“Para nós, trata-se de não estar mais totalmente à mercê de desastres como a geada, mas, metaforicamente, ser capaz de fazer melões resistentes à geada para qualquer que seja o uso desejado,” explicou o cofundador. “Maia é um conjunto de algoritmos de aprendizado de máquina que aprendem como os organismos evoluem - com relação a diferentes pressões de seleção e condições ambientais relacionadas a fenótipos medidos - e retornam iterativamente um conjunto de instruções na forma de novas pressões de seleção para continuar a evoluir um desejado conjunto de características, seja rendimento ou resistência ao gelo. Esses dados de entrada e saída conectam Maia ao Evolution Reactor, o aparelho para controlar, medir e aplicar individualmente essas pressões de seleção codificadas para cultivar milhares de populações microbianas independentes em trajetórias evolutivas paralelas,” continuou Levin.
De acordo com a revista Americana Forbes, há registros de inúmeras ferramentas utilizadas para o cultivo de micróbios com características específicas para serem utilizados em finz específicos, mas todas elas foram historicamente limitadas pela capacidade de escala, com métodos caros e brutos, geralmente baseados em mutações de sequências genéticas, com abordagens do tipo "e-verificação". Mas, justamente por estar mirando em outra direção, a startup recebeu recentemente a rodada inicial de US$ 7 milhões (RS 36 milhões) para a realização dos primeiros procedimentos.
A tese defendida pela empresa co-liderada pela Refactor Capital e Alexandria Venture Investiments, que sustenta tal financiamento, é de que "a evolução é e ainda será, por muito tempo, o melhor designer de organismos”.
Como funciona na prática?
O Evolution Reactor possui uma série de unidades modulares que contém aproximadamente 250 populações microbianas individuais, as quais recebem uma quantidade de novos hardwares encapsulados, originando a evolução em escala.
As duas plataformas, virtual e mecânica, são interligadas por um software em nuvem, que fecha o ciclo da plataforma de direção de evolução automatizada – os dados medidos por hardware alimentados em software, produzem instruções que são devolvidas ao hardware por meio de atualizações feitas pelo software de modelagem – que repete o processo até que o fenótipo desejado seja alcançado ou o loop é desligado.
Foto destaque: Cientistas trabalhando no laboratório Melonfrost. Reprodução/Forbes EUA.