Nesta quinta-feira (3), a startup New Culture divulgou que receberá um investimento de US$ 23 bilhões (R$ 116,5 bilhões) da CheilJedang (empresa coreana que é uma das principais fornecedoras de bioprodutos baseadas em fermentação). O investimento na New Culture será destinado à produção de produtos e ampliar a muçarela sem a necessidade de utilizar leite de origem animal, que está prevista para lançar nas pizzarias americanas em 2023.
Com o aumento populacional e o crescimento dos padrões de vida em muitas áreas, o mundo como um todo precisará de mais proteína para viver adequadamente nos próximos anos. A pecuária e a pesca ainda serão as principais fontes deste nutriente pelo mundo e já existem maneiras de serem produzidas de forma sustentável, mas um grande interesse em opções de proteínas alternativas vem sendo despertado.
Porém, por mais que esses produtos tenham conseguido uma entrada positiva nos mercados, muitos aspectos de produtos de origem animal ainda são difíceis ou impossíveis de serem replicados com produtos apenas à base de plantas e/ou vegetais. Em consequência, os produtos acabam sendo criticados por envolverem um enorme processamento e levarem uma longa lista de ingredientes a fim de se parecerem com alimentos normalmente produzidos com a “contribuição” dos animais. O que acaba contradizendo o marketing de alimentação saudável e natural, que são mais aliados da saúde do que os alimentos ultra processados.
Dessa forma, os consumidores por todo o mundo ainda preferem a qualidade dos alimentos de origem animal, por isso há uma enorme tentativa de criar produtos proteicos que carreguem um pouco desta qualidade. As maneiras alternativas de proteína produzidas hoje são as carnes e as bebidas à base de plantas. Outra nova forma de proteína está chegando no mercado e usa a fermentação de açúcares em organismos comuns, como bactérias e fungos, que já são usados para fazer alimentos e produtos relacionados. Iogurtes e a maioria dos queijos já são feitos por um processo de fermentação microbiana.
Leite sem vaca (Foto: Reprodução/Visão Agro)
Uma nova tecnologia genética avançada para treinar bactérias, pode produzir proteínas animais de interesse para produtos alimentícios, como essa muçarela que pode entrar no mercado em 2023, desenvolvida pela New Culture. Eles o descrevem como "queijo de vaca sem vaca".
Hoje, a maior parte desses queijos é feita utilizando uma versão bioidêntica da enzima animal “quimosina”, que é produzida usando fermentação geneticamente modificada, ao invés de bezerros desmamados. Para primeiro produto, a New Culture utilizará a caseína à base de levedura para fazer um queijo tipo muçarela com mesmo sabor, derretimento e mesma elasticidade de um queijo à base de leite animal.
O criador da Startup New Culture, Matt Gibson, que é da Nova Zelândia e se mudou para a Califórnia, iniciou a empresa no final de 2018 com a cofundadora Inja Radman por meio da aceleradora focada em biotecnologia IndieBio. Ele viu uma oportunidade de unir suas três paixões: veganismo, sustentabilidade e amor pela ciência.
A Startup criada por ele utiliza a engenharia genética e fermentação precisa para encontrar a caseína, que é a principal proteína para fabricação de queijo. A caseína deste queijo é feita por um processo de fermentação normal, onde a identidade é mantida em segredo comercial. No entanto, sua forma de fermentação é popular o suficiente para que o FDA em breve possa conceder o status GRAS (Generally Recognized As Safe) à empresa. Juntando isso com o certificado de incorporação, a New Culture provavelmente lançará seu produto ainda em 2023.
Pizza vegana (Foto: Reprodução/Paula Sumasi/Bonviveur)
É estimado que este produto seja de maior interesse para aqueles que seguem uma dieta vegana. Também é indicado para pessoas com intolerância à lactose, pois o primeiro produto será feito diretamente sem o açúcar específico encontrado no leite de origem animal.
Já existem algumas pizzarias em Nova York e na Califórnia interessadas em utilizar esses produtos. Os clientes também podem se inscrever em uma lista para experimentar o queijo quando estiver disponível para prova.
Foto destaque: Queijo vegano. Reprodução/Projeto Mestre Cuca.