Nos 25 anos da Google, o CEO Sundar Pichai declarou que a inteligência artificial (IA) será a maior mudança tecnológica que veremos em nossas vidas e expressou preocupações sobre o uso responsável da tecnologia. Para Pichai, a IA pode trazer uma mudança tecnológica de maior impacto do que a internet. Empresa comemora oficialmente o aniversário no final deste mês.
Do motor de busca aos desafios da IA
A Google é um ator fundamental para a web desde a sua fundação, com sua ferramenta de busca recebendo mais de 90% das buscas na web. A empresa é dona do YouTube desde 2006 e desenvolvedora do Android, sistema utilizado em 3 bilhões de dispositivos móveis, segundo o CEO.
O mecanismo de busca da Google em 1998, 25 anos atrás. (Foto: reprodução/blog.google)
Fundada por Larry Page e Sergey Brin em 4 de setembro de 1998, a Google abriu o capital em 2004. Em 2015, passou a ser subsidiária do conglomerado Alphabet, para evitar possíveis violações antitruste e reorganizar sua estrutura. O Google domina o mercado de ferramentas de busca há mais de 20 anos — apesar de a empresa não liberar seus dados, estima-se que a ferramenta receba em torno de 100 mil buscas por segundo, cerca de 9 bilhões de oportunidades diárias para vender anúncios ao lado dos resultados de busca.
“As perguntas que fiz ao Google evoluíram ao longo do tempo: ‘Como consertar uma torneira pingando?’, ‘Caminho mais rápido para o Hospital Stanford?’, ‘Formas de acalmar um bebê chorando?’ E em 2003, talvez: ‘Como ter sucesso em uma entrevista na Google?’ Com o tempo, o Google melhorou muito em respondê-las”, escreveu o CEO da Google.
Anunciantes pagam caro pelo acesso a usuários do Google. A Alphabet tem hoje um valor de mercado de US$ 1.713 trilhão, sendo a quarta empresa mais valiosa do mundo. Sua receita cresceu a uma taxa média anual de 28% desde a abertura de capital, em 2004, boa parte dessa receita resultando de publicidade com atividades de busca. Mas nos últimos anos, o crescimento da Alphabet diminuiu.
Crescimento da receita da Google de 2004 a 2022 (Foto: Reprodução/companiesmarketcap.com)
Gemini pode sair no fim do ano
Em março, a Google lançou o Bard, chatbot para competir com o ChatGPT, da OpenAI. Aplicativo de maior sucesso da história, com mais de 100 milhões de usuários ativos dois meses após o lançamento em novembro, o ChatGPT já conta com mais de 180 milhões de usuários. As IAs conversacionais, como ChatGPT, Bard e o Bing da Microsoft, representam uma ameaça à supremacia da Google nas buscas na web, pois são capazes de responder a perguntas como as ferramentas de busca.
Após o sucesso do ChatGPT, a Google também integrou ferramentas de inteligência artificial a produtos como Gmail, Google Photos e Google Ads.
Sundar Pichai, CEO da Alphabet, em maio, lançando ferramentas de IA como o "Help me write" do Gmail. (Foto: reprodução/Jason Henry/The New York Times)
“As perguntas continuaram surgindo, e continuamos a melhorar e expandir nossos produtos com novas respostas: ‘E se o Google Maps permitisse que as pessoas vissem cada rua do mundo em detalhes?’ ‘E se criássemos uma ferramenta de tradução que permitisse que as pessoas acessassem informações e se comunicassem em vários idiomas?’ ‘E se você pudesse buscar e encontrar todas as suas fotos antigas simplesmente descrevendo o que gostaria de ver?’”
Em março, junto ao anúncio da adoção do modelo PaLM 2 pelo Bard, a empresa anunciou estar desenvolvendo o modelo Gemini. O Gemini foi projetado para ser um modelo multimodal, podendo processar e entender diferentes formas de dados, como texto, imagens e vídeos; outros modelos de linguagem, como o GPT-3.5 e GPT-4 do ChatGPT, são predominantemente baseados em texto. Por ser treinado com um maior volume de dados de uma ampla variedade de fontes, como imagens da web e vídeos do YouTube, é esperado que o Gemini supere os modelos da OpenAI.
Pressão de investidores
O crescimento de receita da Google/Alphabet desacelerou nos últimos dois anos. Em 2022, a receita da Alphabet cresceu 23%, menos do que os 28% registrados em 2021 e os 30% registrados em 2020. Em 2022, o valor de mercado da Alphabet caiu de US$ 2 trilhões em novembro de 2021 para US$ 1,15 trilhão em dezembro de 2022. Em janeiro, o CEO Sundar Pichai anunciou a demissão de 12 mil funcionários, em resposta a uma expectativa de crescimento que não se realizou.
Valor de mercado da Google de 2004 a 2023. (Foto: reprodução/companiesmarketcap.com)
O amadurecimento do mercado da publicidade digital, principal negócio da Alphabet; a competição de outros gigantes como Microsoft e Amazon em IA e nuvem; e a ameaça dos chatbots para o seu carro-chefe, as buscas na web, colocam desafios para a Google em seu quarto de século que estão além da responsabilidade no uso da IA.
Foto destaque: Googleplex, em Mountain Ville, Califórnia, junho de 2019. Reprodução/Gregory Varnum.