Manaus, a capital do Amazonas, foi submersa por uma densa nuvem de areia no último domingo, dia 5. O impressionante fenômeno foi testemunhado por moradores dos bairros localizados nas zonas oeste e sul da cidade, e as imagens revelam uma verdadeira "cortina" de poeira, obscurecendo prédios e criando um cenário de tempestade de areia. Esse incidente representa mais um episódio dos desafios naturais que Manaus tem enfrentado ultimamente.
A administração municipal de Manaus precisou mobilizar equipes da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros para lidar com as consequências da tempestade de areia, incluindo o destelhamento de casas causado pelos fortes ventos. Além disso, a cidade já estava sofrendo com a histórica seca que aflige a região, tornando a situação ambiental ainda mais crítica.
Desmatamento x Agronegócio
A chegada da fumaça proveniente das queimadas que assolam diversas áreas do Norte do Brasil também tem agravado a situação. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, somente no mês de outubro, foram registrados 506 focos de incêndio no estado do Amazonas, sendo 258 deles em Autazes, uma cidade situada a 112 quilômetros de Manaus, conhecida por abrigar a maior bacia leiteira do estado.
Esses incêndios, em sua maioria, ocorreram em áreas de desmatamento recente ou já consolidado. A prática comum de utilizar o fogo para a renovação de pastagens na pecuária tem sido apontada como uma das principais causas desses incêndios.
Área desmatada ilegalmente na Floresta Amazônica. (Foto:Reprodoção/Marcio Isensee/Shutterstock.com)
Segunda pior cidade do mundo em poluição
Relatórios do Ibama revelaram que desde 2005, o município de Autazes perdeu pelo menos 580 hectares de floresta, equivalente a aproximadamente 540 campos de futebol. Essas áreas foram convertidas em pastagens que atualmente sustentam um rebanho de 96 mil bois e búfalos, resultando em uma densidade de aproximadamente 13 animais por quilômetro quadrado, uma taxa 13 vezes maior que a média estadual.
No último mês de outubro, Autazes conquistou a liderança no ranking nacional de focos de incêndio nos dias 9 e 10, mantendo-se entre os 10 municípios do Amazonas com o maior número de queimadas consecutivas por um período de 12 dias. Durante esse intervalo, a fumaça gerada por esses incêndios afetou drasticamente a qualidade do ar em Manaus, elevando a cidade à preocupante posição de segunda mais poluída do mundo em termos de poluição atmosférica.
Foto destaque: Manaus enfrenta densa "tempestade de areia", mobilizando Defesa Civil e Bombeiros após destelhamento por ventos. (Foto:Reprodução/Pim Amazônia)