A tragédia de Mariana, ocorrida em 2015, marcou profundamente o Brasil, deixando 19 vítimas fatais, centenas de desabrigados e um rastro de destruição ambiental com a contaminação do rio Doce. Após anos de negociações e batalhas judiciais, um novo capítulo se desenha com a proposta da Vale nesta segunda-feira (22), que sugere um acordo de R$ 127 bilhões para compensar os danos causados pelo desastre.
A proposta da Vale
Diante da magnitude do desastre, a Vale, acionista da Samarco, junto com a BHP, apresentou uma proposta de acordo que visa a compensação financeira dos danos causados. A companhia propôs um valor de R$127 bilhões para indenizar os prejuízos ocasionados pelo desastre, representando uma apreciável melhoria em relação à oferta anterior de 47,6 bilhões de reais. Contudo, este acordo ainda está sob avaliação e precisa ser aceito pelos governos estadual e federal, além das partes envolvidas.
Justiça determinou o pagamento de 47,6 bilhões de reais pela Vale, Samarco e BHP por tragédia em Mariana (Vídeo: Reprodução/YouTube/Jovem Pan News)
Detalhes refinados da proposta da Vale
A composição financeira visando a reparação do desastre de Mariana implica uma significativa participação de 50% por parte da BHP Brasil e da Vale, atuando como devedores secundários, sob a condição de que a Samarco, enquanto devedora primária, enfrenta limitações em cumprir tais obrigações. Esta abordagem surge em um momento em que a expectativa da Vale, compartilhada publicamente na última semana, gira em torno da conclusão de um acordo definitivo com as autoridades antes do término do primeiro semestre.
Em meio à complexidade das negociações, uma proposta para a liquidação definitiva das obrigações das companhias está sendo discutida sob a égide do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF6), mantendo-se sob sigilo, embora detalhes tenham emergido em função de vazamentos de informações. A Vale, ao confirmar o valor negociado da proposta, esclarece que este engloba um pagamento em dinheiro no montante de R$72 bilhões, destinado aos governos federal, dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, além de diversos municípios, diluídos ao longo de um período predeterminado.
O escopo da proposta abarca ainda R$37 bilhões, referentes a montantes previamente dispendidos em iniciativas de remediação e compensação. Importante notar, adicionalmente, a inclusão de R$18 bilhões destinados a “obrigações de fazer”, caracterizando-se por ações específicas de reparação e compensação ambiental e social. O compromisso com a reparação plena do desastre reitera-se como prioritário para Samarco, Vale e BHP. Até o momento, os esforços já totalizaram cerca de R$37 bilhões em despesas com remediação e compensações, dos quais aproximadamente R$17 bilhões foram direcionados ao pagamento de mais de 430 mil pessoas impactadas pelo desastre.
Entenda o desastre de Mariana
O colapso da barragem de rejeitos de mineração em Mariana não foi apenas um acidente isolado, mas um episódio que expôs graves falhas na gestão de segurança e na fiscalização ambiental no Brasil. As consequências ambientais, econômicas e sociais devastaram a região, afetando a vida de milhares de pessoas e causando um impacto duradouro na biodiversidade local.
Imagens inéditas mostram o desespero das pessoas após o rompimento em Mariana na época (Vídeo: Reprodução/YouTube/JORNAL da Record)
O desastre de Mariana deixou cicatrizes profundas, mas a proposta da Vale de R$ 127 bilhões abre um caminho para a esperança e reconstrução. Enquanto aguardamos a definição e execução do acordo, o foco deve permanecer no compromisso com a justiça social e ambiental, assegurando que tragédias dessa natureza não se repitam. Avanços significativos também foram alcançados no tocante aos processos de reassentamento, com cerca de 85% dos casos de realocação das comunidades afetadas pela tragédia da Samarco já concluídos.
Foto Destaque: Rompimento de barragem na cidade de Mariana-MG (Reprodução/YouTube/Jornal da Record)