A operadora ucraniana Energoatom alertou que o Exército russo possívelmente havia minado o local, após primeiros meses da ocupação russa da usina nuclear de Zaporíjia, no primeiro semestre de 2022 . No início de junho, a parede de uma barragem do reservatório ao lado de Kakhovka foi arruinada, possílvemente pelo Exército russo. Kiev também comentou que os ocupantes haviam extraído a lagoa de resfriamento da usina. Neste momento, a liderança militar ucraniana avisou que soldados russos também incorporaram objetos semelhantes a dispositivos explosivos a dois blocos da usina nuclear.
Em contrapartida, a a gência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou que no período analisado não havia encontrado sinais de minas ou outros explosivos na usina nuclear. Já o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, afirmou que especialistas da agência necessitavam ter acesso a outras áreas da usina nuclear, para ser feita uma investigação mais completa, assim descartaria qualquer possibilidade de dispositivos explosivos estarem presos ali.
Soldado russo vigia acesso à central nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia. (Reprodução: Alexander Ermochenko/ Reuters)
Sistema de resfriamento como um ponto fraco
Olha Kozharna, especialista de segurança nuclear da Ucrania, afirma que a colocação de minas de áreas importantes do resfriamento pode retratar uma ameaça direta à usina. A água no tanque de resfriamento tem um papel importante nisso. Ela é usada para resfriar os elementos combustíveis nos reatores para que assim não derretam devido ao seu superaquecimento.
Desde outubro do ano passado, as seis unidades da central nuclear de Zaporíjia não estão em operação. Cinco delas estão em um desligamento frio. Especialista do centro de Segurança Nuclear e Radiação da Ucrânia, Dmytro Humenyuk, afirma que os reatores ainda precisam serem esfriados porque os componentes de combustível que encontra nos reatores continuam a liberar algum tipo calor, entretanto a água não consegue evaporar mais. Uma hipótese é se o sistema de refrigeração for destruído e a água evacuada, segundo os especialistas, após oito dias poderia ocorrer um acidente.
No entanto, segundo os especialistas, o sexto reator ainda está em desligamento a quente, embora a AIEA já tenha pedido seu desligamento a frio entorno de quatro semanas. A água de resfriamento dele pode atingir temperaturas de até 280 graus e evaporaria rapidamente em caso de possível vazamento. Por isso, segundo os especialistas, restariam apenas 27 horas para evitar que a radiação escapasse.
Foto Destaque:Central nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia. (Reprodução: Alexander Ermochenko/ Reuters)