As equipes de buscas continuam encontrando sobreviventes mais de uma semana após o terremoto que atingiu a Turquia e a Síria, no dia 6 de fevereiro. No entanto, o frio e os escombros ainda são os principais obstáculos enquanto a chance de encontrar pessoas vivas diminui gradativamente. Mais de 37 mil mortes já foram confirmadas e centenas de milhares estão desabrigados.
Equipes do mundo inteiro, inclusive do Brasil, estão mobilizadas no território. Segundo Léo Farah, capitão do corpo de bombeiros de Minas Gerais que está com equipe de buscas brasileira, há uma janela de 7 a 10 dias onde há uma chance de 2,5% de encontrar pessoas vivas. Em meio há um cenário com 90% dos prédios destruídos, a equipe do bombeiro brasileiro resgatou, em Antakya, no sul da Turquia, um jovem de 18 anos. Outro jovem da mesma idade, Muhammed Cafer, foi resgatado na cidade de Adiyman.
Léo Farah relata cotidiano na Turquia em meio a resgates
Também foram resgatados dois irmãos, Enes Yeninar, de 17 anos, e Baki Yeninar, de 21 anos, nos escombros de um prédio na província vizinha de Kahramanmaras. São quase 200 horas sobrevivendo em condições de baixa temperatura e risco de hipotermia; pouco oxigênio concentrado em bolsões de ar que permitem que alguns consigam respirar embaixo de toneladas de escombros.
Farah conta que pessoas com as quais as equipes de buscas mantinham contato na local, enquanto esperavam ser resgatadas, pararam de emitir sinais de vida.
“Elas tavam conversando com a gente, elas tavam fazendo sinais, na verdade, sob os escombros. Só que a gente já tá há 24 horas sem conseguir mais sinal com essas pessoas, porque como eu falei agora as pessoas já deixam de tomar água, de comer. Então esse local especificamente onde a gente tá trabalhando, a gente já não tem mais sinal por sonar, por radar, nem pelos cães; eles já não sinalizando mais indicando que essas pessoas que estavam conversando com a gente, morreram” desabafou
O bombeiro explicou como funcionam alguns dos equipamentos utilizados nos resgates. Ele contou que cessam qualquer tipo de barulho e pedem para os sobreviventes ou bater nos escombros. Quando os socorristas não escutam nada, utilizam equipamentos como Sonar, que detecta pequenas vibrações rítmicas sob os escombros. Há ainda câmeras térmicas e radar, que identificam a presença de calor humano e de bolsões de ar onde as vítimas podem estar.
Foto destaque: Muhammed Cafer, de 18 anos, sendo resgatado por equipes de ajuda na cidade de Adiyaman, na Turquia — Foto: Ihlas News Agency (IHA) via REUTERS