Na última quarta-feira (26), o governo do presidente dos Estados Unidos Donald Trump negou a entrada de repórteres de agências de notícias e de outros veículos de comunicação. A proibição se deu durante a primeira reunião do gabinete presidencial.
Ao todo, foram barrados três repórteres e um fotojornalista. Os profissionais eram integrantes das equipes da agência de notícias britânica Reuters, do jornal alemão Der Tagesspiegel, do site de política norte-americano The Huffpost e da também agência de notícias estadunidense Associated Press (AP).
Na terça-feira (25), um dia antes da proibição, a Secretária de imprensa da Casa Branca Karoline Leavitt declarou que o governo passaria a determinar quais veículos teriam acesso aos compromissos mais íntimos do presidente. Assim, a entrada de jornalistas a eventos que ocorrem em locais menores, como reuniões realizadas no Salão Oval, se torna mais restrita.
Não é a primeira vez que Donald Trump ataca o trabalho de agências de notícias. A AP já estava proibida de frequentar reuniões presidenciais, após se recusar a alterar o nome do Golfo do México para Golfo da América. O veículo afirmou ter clientes ao redor do mundo, que não reconhecem a nova nomenclatura. Trump assinou um decreto para alterar o nome da região, e classificou a atitude da agência como “desinformação”.
A nova nomenclatura do Golfo do México proposta por Trump já tinha repercutido no trabalho de agências de notícias (Vídeo: reprodução/YouTube/@cnnbrasil)
Como ocorre a cobertura realizada pela imprensa nos Estados Unidos
Até o momento, a atuação da imprensa na cobertura de mandatos presidenciais nos Estados Unidos ocorria em um esquema conhecido como “pool”. Nele havia um tipo de rodízio realizado entre jornalistas. A responsável pela organização do esquema era a Associação de Correspondentes da Casa Branca, que determinava os profissionais para cobrir as decisões do presidente. Assim, o material gerado por esses jornalistas, como fotos, declarações e as demais informações coletadas, eram divulgados com os veículos restantes.
É importante ressaltar que a Associação de Correspondentes da Casa Branca opera de forma independente ao governo em vigor, e possui mais de cem anos de atuação na cobertura presidencial nos Estados Unidos.
Ainda em pronunciamento, a porta-voz da Casa Branca Karoline Leavitt deixou clara a intenção de Trump em alterar essa organização. Segundo Leavitt, “No futuro, o pool de imprensa da Casa Branca será determinado pela equipe de imprensa da Casa Branca”.
Reação da imprensa
Em resposta as medidas do governo, a Reuters, Bloomberg e AP, agências tradicionais no esquema de pool afirmaram a importância do trabalho realizado por seus profissionais, e destacaram que, em um governo democrático, é relevante que “o público tenha acesso a informações sobre seu governo por meio de uma imprensa independente e livre”. Já o The Huffpost classificou a atitude como violadora da Primeira Emenda, que garante a liberdade de imprensa nos Estados Unidos.
Foto Destaque: Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Reprodução/Instagram/@realdonaldtrump)