Os restos mortais de José Antonio Primo de Rivera, fundador do partido espanhol pró-regime franquista de inspiração fascista, foram removidos nesta segunda-feira (24) do mausoléu do Vale dos Caídos, perto de Madri. Primo de Rivera foi executado em novembro de 1936 após ser condenado por conspiração contra o governo republicano.Três simpatizantes de Antonio foram detidos depois de confronto com a polícia.
A polícia esforçou-se em conter cerca de 150 apoiadores da Falange que estavam reunidos em frente ao cemitério San Isdro, localizado no sul de Madri, onde foi enterrado novamente o corpo de Antonio. Seus simpatizantes cantaram o hino falangista “Cara al Sol” e fizeram saudação facista. Segundo uma fonte da polícia, as três prisões foram por desordem pública.
Antes disso, uma multidão em uma reunião menor do lado de fora dos portões do Vale dos Caídos fizeram a saudação fascista, além de levantarem faixas dizendo “José Antonio presente”. Enquanto o carro fúnebre passava, eles também gritaram “Viva a Espanha”.
O Vale dos Caídos, agora chamado de Vale de Cuelgamuros. (Foto: Reprodução/Manu Fernandez/AP)
A exumação de Primo de Rivera, aconteceu quase quatro anos depois da remoção dos restos mortais do ditador Francisco Franco, isso é consequência da lei conhecida como "Memória Democrática", que entrou em vigor em outubro do ano passado, visando trazer “justiça, reparação e dignidade” às 500 mil pessoas mortas durante a guerra civil espanhola (1936-1939) e da subsequente ditadura. Uma das medidas é transformar o Vale dos Caídos, agora chamado de Vale de Cuelgamuros, em um memorial às vítimas desse período sombrio, com a finalidade de acabar com a glorificação de Franco e seu regime.
O local, um enorme mausoléu, parcialmente construído por prisioneiros políticos é dedicado à memória de todos os mortos de ambos os lados da guerra. Félix Bolaños, ministro da Presidência responsável por supervisionar a nova lei, disse que a exumação “é mais um passo no que estamos fazendo com o Vale de Cuelgamuros para que não seja um lugar de homenagem onde qualquer pessoa, ou qualquer ideologia que evoque a ditadura, possa ser glorificada - como decreta a lei da memória.”
O partido Falange ainda existe, mas não tem assentos no Parlamento da Espanha.
Foto destaque: Tumba de Primo de Rivera. Reprodução/Violeta Santos Moura/Reuters.
