Nesta quinta-feira (22), Gabriel Pereira Dantas, de 26 anos, se apresentou numa delegacia no centro de São Paulo, informando aos policiais que participou dos assassinatos do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips no Amazonas. O homem relatou aos policiais que viu quando os executores atiraram nas vítimas e que depois disso o jovem ajudou a jogar seus pertences no rio.
Segundo a polícia, como não havia nenhum mandado de prisão contra Gabriel Pereira, a polícia civil ouviu seu depoimento e informou-lhe, que seria encaminhado à polícia federal, que está cuidando do caso.
Em depoimento obtido pela CNN, o suposto suspeito disse ser morador de Manaus, porém morava em Atalaia do Norte (AM). Ele conta que Amarildo da Costa de Oliveira (um dos participantes do crime), prometeu não entregá-lo à polícia. Gabriel complementa dizendo que Dom foi alvo do crime por ciúmes.
Depoimento de Gabriel
No depoimento Gabriel revela detalhes. “Ele disparou e matou o ‘gringo’ [Dom] pelo motivo de que ele [Amarildo] disse que ele mexeu com sua mulher”, relata o suposto cúmplice.
E complementa dizendo que Bruno “Morreu de graça”, para não incriminar Amarildo.
Gabriel disse aos policiais que no dia do crime estava bebendo com Amarildo, quando recebeu o convite para pilotar a embarcação, e Gabriel conta que “não sabia o que o Pelado (apelido de Amarildo) ia fazer”.
Dom Phillips: jornalista britânico escrevia o livro "Como salvar a Amazônia" (Vídeo: Reprodução/Youtube)
Os dois avistaram o barco de Bruno e Dom, e se aproximaram já com uma espingarda nas mãos, apontando para ambos, que não reagiram.
De acordo com Gabriel, o primeiro tiro foi disparado em Dom, e em seguida em Bruno, a uma distância de aproximadamente três metros. O crime foi cometido próximo a uma comunidade conhecida por Santa Isabel, no rio madeira.
Depois disso, chamaram mais dois homens para ajuda-los a dar fim aos pertences de Bruno e Dom. Gabriel finaliza o depoimento dizendo que fugiu, passando por Santarém, Manaus até chegar em São Paulo, e que não aguentava mais a situação, pois estava morando na rua, por isso, decidiu se entregar.
O caso
O jornalista Dom e o indigenista brasileiro Bruno, foram assassinados por pescadores ilegais no Vale do Javari, enquanto faziam uma apuração jornalística na região. Eles estavam desaparecidos desde o dia 5 de junho, sendo encontrados após onze dias de busca, após a confissão dos autores do assassinato Oseney da Costa Oliveira, de 41 anos, irmão de Amarildo (os dois estão presos). Segundo informações da polícia, as vítimas teriam sido mortas a tiros e os corpos esquartejados e enterrados.
Neste sábado (18), a polícia do Amazonas prendeu um terceiro suspeito, Jeferson da Silva Lima, apontado pela PF por se envolver no assassinato de Dom e Bruno.
Brasil é denunciado na ONU
Grupos ligados ao movimento indígena e entidades de direitos humanos vão às Nações Unidas (ONU), cobrar do governo de Jair Bolsonaro, investigações mais profundas da morte de Bruno e Dom. A denúncia foi apresentada nesta quarta-feira (22), visando pressionar as autoridades nacionais. E isso veio depois de a polícia federal, concluir que não houve um mandante para o crime.
O que a morte de Bruno e Dom tem a ver com os crimes na Amazônia (Vídeo: Reprodução/Youtube)
Na denúncia das instituições, foi apresentado que o Brasil não defende aqueles que se atrevem a lutar pelo meio ambiente e pelas comunidades indígenas. Além dos cortes orçamentários que enfraqueceu os órgãos de proteção e agências de proteção ambiental.
Foto destaque: Gabriel Dantas, suspeito de participação na morte de Bruno Pereira e Dom Phillips. Reprodução/R7.