Com a Copa do Mundo do Catar chegando, mais e mais seleções protestam contra a escolha da sede.
Um dos casos mais conhecidos é o da Dinamarca, onde a cor dos seus uniformes, logos de patrocinadores e escudo são uma só. Hummel, a fornecedora dos uniformes, relatou que a decisão é um protesto contra o Catar, como eles não querem ser visíveis em um torneio que vai contra os seus direitos humanos.
Além disto, o terceiro humano foi feito na cor preta por ser a cor do luto, ao mesmo tempo que eles apoiam a seleção dinamarquesa, eles repudiam que a sede do torneio seja um país vá contra os direitos humanos e o tratamento que os trabalhadores imigrantes sofreram durante a construção dos estádios.
Apresentação dos uniformes monocromáticos da Dinamarca, onde as logos dos praticinadores e escudo da seleção não ficam visíveis. Reprodução/Instagram
Como resposta, a FIFA proibiu o uniforme de treino da Dinamarca com os dizeres “direitos humanos para todos” na barriga.
Outras seleções também se preparam para fazer proposta anti-homofobia no Catar, onde a homossexualidade é considerada crime. Os capitães das seleções da Inglaterra, Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, Alemanha, Suíça e País de Gales pretendem usar uma braçadeira do movimento “OneLove” com um coração com as cores do arco-íris.
Embora Noruega e Suécia não estejam classificadas para a Copa do Mundo, elas fazem parte do movimento e usam o símbolo em outras competições.
Ainda não se sabe se a ideia da braçadeira “OneLove” irá adiante ou se a FIFA irá proibir o seu uso.
Novo escudo dos Estados Unidos para a Copa do Mundo. Carl Recine/Reuters
A seleção dos Estados Unidos também anunciou o seu novo escudo, onde as listras vermelhas passaram a ser as cores do arco-íris, a nova logo será usada no centro de treinamento e conteúdos da seleção dos Estados Unidos.
Em uma entrevista polêmica para à emissora alemã ZDF, o ex-jogador e embaixador do Catar Khalid Salman disse que a homossexualidade é um “transtorno mental” e que os turistas precisam aceitar as leis locais.
Catar vem sendo alvo de denúncias desde que foi escolhida para sediar a Copa do Mundo, um dos pontos criticado é a situação análoga à escravidão de trabalhadores imigrantes. Segundo a Anistia Internacional, o Catar possui dois milhões de trabalhadores imigrantes, aonde parte deles trabalha para fazer a Copa do Mundo acontecer, seja em estádios ou infraestruturas.
Mesmo com a proibição do Kafala – sistema adotado por parte do Conselho de Cooperação do Golfo, onde indivíduos ou empresas “patrocinam” trabalhados imigrantes em seus países, estes indivíduos ou empresas pagam pelo transporte e moradia, mas este sistema deixa os trabalhadores vulneráveis a exploração, já que eles precisam da permissão destes “patrocinadores” para sair se transferir, deixar o emprego ou sair do país – no Catar em 2020 e com a criação de leis trabalhistas, como pagamento por hora de trabalho e horas máximas que se pode trabalhar sob o sol no verão, a Anistia Internacional acusa o país de não colocar as leis em práticas, com os trabalhadores ainda presos em uma situação parecida com o kafala e fazendo longas horas de trabalho; de não investigar as mortes de milhares de trabalhadores imigrantes; do impedimento ao acesso à Justiça do país; de não fiscalizar as condições de trabalho; e como os empregadores cobram para taxas a trabalhadores, que acabam trabalhando de graça até cumpri-las.
O ex-presidente da FIFA, Joseph Blatter, admitiu que a escolha do Catar para a Copa do Mundo foi um erro, para ele o Catar é um país pequeno demais para algo tão grande como o futebol e a Copa.
Foto destaque: Braçadeira do movimento "OneLove". Reprodução/KNVB Media.