Nesta segunda-feira (17), a seita evangélica responsável por induzir seus seguidores ao jejum para “encontrar Jesus”, acumulou mais 12 vítimas da fome e da fé. Encontrados pelas autoridades do Quênia, os corpos revelam um massacre de 403 pessoas.
Passaram-se três meses desde que o massacre de Shakahola foi descoberto, mas as buscas por valas comuns no litoral queniano seguem revelando mais vítimas. Autoridades ainda acreditam que o número de mortos deve continuar crescente, enquanto as investigações prosseguirem.
Buscas na floresta de Shakahola. (Foto: Reprodução/AFP).
Seita evangélica
A Igreja Internacional das Boas Novas, liderada pelo ex-taxista Paul Mackenzie Nthenge, não somente atraía centenas de seguidores até uma floresta isolada no vilarejo de Shakahola, como os convencia a jejuar, com a prerrogativa de “conhecer Jesus”.
De acordo com parentes das vítimas, Mackenzie afirmava que o mundo iria acabar em 15 de abril e – para garantir que sua entrada no céu – os fiéis deveriam passar fome. Antes de perder sua esposa e filhos pela seita evangélica, Stephen Mwiti chegou a acionar a polícia- após descobrir que uma pessoa havia sido expulsa por quebrar o jejum ao beber água -, mas não obteve resposta. Entretanto, as autoridades somente voltaram sua atenção para a seita, quando receberam uma denúncia de que havia 31 integrantes enterrados em covas rasas.
O jejum, contudo, não foi a única causa das 403 mortes. Segundo legistas, autópsias mostraram que os seguidores, em sua maioria, não haviam se alimentado e apresentavam uma camada de gordura muito fina. Entretanto, também foram constatados indícios de crianças sufocadas e mortas por asfixia.
Paul Mackenzie Nthenge
O líder da seita, Paul Mackenzie era taxista até virar pastor em 2003 e fundar a Igreja Internacional das Boas Novas. Preso duas vezes desde 2017 por pregação extrema, Mackenzie agora é acusado de terrorismo e segue preso desde 14 de abril.
Foto destaque: Autoridades encontram mais 12 corpos. Reprodução/Stringer/Reuters