Às vésperas da votação de moção de censura contra o governo francês no Parlamento, no domingo (19), manifestantes foram mais uma vez às ruas. Os atos acontecem devido ao descontentamento da população com a reforma da previdência aprovada por decreto pelo presidente Emmanuel Macron.
Para acelerar o processo e não ter o risco de as mudanças na previdência não serem aprovadas, o governo de Macron utilizou o polêmico artigo 49.3 da constituição. A medida adotada pela primeira-ministra francesa Élisabeth Borne na última quinta-feira (16), é justamente uma tentativa para tentar driblar o parlamento. Já que esse mecanismo permite a adoção de uma lei sem passar pela Assembleia Nacional em que o governo não conta com a aprovação da maioria necessária.
Primeira-ministra francesa Élisabeth Borne. (Foto: Reprodução/site Franceinfo)
Essa manobra, que é considerada pelos franceses antidemocrática, tornou as ações dos militantes mais acaloradas. Em um primeiro momento, as discussões estavam voltadas contra as mudanças da reforma, sendo uma delas o aumento da idade legal da aposentadoria de 62 para 64 anos gradualmente até 2030. Mas, com o posicionamento do político Eric Ciotti – presidente do partido de direita Os Republicanos – afirmando que votarão contra o processo de censura, a sede do partido sofreu depredações, sendo atacada a pedradas.
Os votos dos parlamentares dissidentes de os Republicanos são fundamentais para a aprovação de qualquer uma das duas moções - que poderiam anular o decreto do artigo 49.3 e forçar a primeira-ministra Élisabeth a renunciar ao cargo dela - apresentadas pelos deputados das forças de oposição. Porém, mesmo com as pressões através do ataque à sede, Ciotti afirmou em publicação no Twitter que “não cederá aos novos discípulos do terror”. A votação irá ocorrer nesta segunda-feira (20).
A investida na sede de Os Republicanos é uma de tantas outras realizadas por manifestantes. No sábado (18), a polícia ordenou o fechamento da Place de La Concorde, no centro de Paris, em frente ao Parlamento. Além disso, a coleta de lixo em vários bairros de Paris, que já acumula 10 mil toneladas de lixo nas ruas, está paralisada por causa dos atos populares contra a reforma da previdência.
Foto de destaque: Manifestantes franceses protestando contra a reforma da previdência. Reprodução/Site JP News.