O governo russo anunciou, na última quinta-feira (21), a limitação temporária da exportação de combustíveis, incluindo gasolina e diesel. Ainda que as medidas a serem introduzidas não tenham sido especificadas pelo governo, a restrição tem como objetivos principais, de acordo com informações da agência de notícias Reuters, evitar a escassez de combustíveis devido à paralisação das refinarias para manutenção e estabilizar os preços no mercado interno.
Impacto da restrição no Brasil
A decisão afeta diretamente os cidadãos brasileiros, pois a Rússia é a principal fornecedora externa de diesel para o Brasil e superou a liderança historicamente exercida pelos Estados Unidos em virtude do preço vantajoso que tem praticado nos últimos tempos.
Apenas em agosto deste ano, segundo o Governo Federal, 75% do diesel importado pelo país foi de origem russa. Além disso, nos primeiros oito meses do ano, o Brasil comprou US$ 2,1 bilhões em diesel da Rússia, o que supera o total adquirido em todo o ano de 2022, cerca de US$ 95 milhões.
Com a restrição imposta, a maior consequência para o país poderá ser a alta dos preços desse combustível: “O aumento pode acontecer porque teremos que comprar combustível a preço de mercado internacional”, aponta Adriano Pires, que atua na área de energia.
Medida russa pode afetar o preço do combustível nas bombas brasileiras (Foto: Reprodução/Fernando Frazão/Agência Brasil)
Apesar disso, o especialista não acredita que um desabastecimento poderá ocorrer, e tanto a duração das restrições quanto a estratégia de repasse dos custos com importação que será adotada determinarão o real impacto sobre o valor do combustível para o consumidor final.
Brasil é um importante mercado da Rússia
Em decorrência da guerra na Ucrânia e das sanções impostas à Rússia pela União Europeia, o país perdeu seu principal mercado, o europeu, e buscou novas alternativas, passando a comercializar o diesel abaixo dos valores internacionais, atitude que interessou países asiáticos e latino-americanos.
Por conta disso, o Brasil se consolidou, nos últimos meses, como o quinto maior importador de derivados de petróleo russo e um importante mercado do país. A Rússia lidera o fornecimento de diesel para o Brasil desde abril deste ano ao vender o combustível com o valor reduzido em 20% quando comparado ao preço dos norte-americanos, o que remodelou a dinâmica anterior.
Foto destaque: Vladimir Putin, presidente da Rússia. Reprodução/Mikhail Klimentyev/POOL/AFP