Na última quinta-feira (10), o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos, afirmou que estão estudando a possibilidade de acabar com o crédito rotativo do cartão de crédito. A medida poderá ser adotada com o objetivo de solucionar o problema dos juros elevados e da inadimplência do uso do cartão de crédito no Brasil.
Isso porque, essa é uma das modalidades mais caras de crédito do mercado atual, com juros que podem chegar a mais de 400% até o mês de junho. Entenda como funciona o debate sobre o tema hoje e como as decisões do BC podem afetar o futuro do parcelamento sem juros do cartão de crédito.
Saiba o que é Rotativo do Cartão
O rotativo é um crédito contratado pelo usuário feito para pagar menos que o valor integral da fatura do cartão em um período de 30 dias. Os juros ficam em 196,1% ao ano em junho, pois após os 30 dias as instituições financeiras parcelam o valor restante. Roberto Campos ressalta que hoje o cartão de crédito representam 40% entre as formas de consumo do brasileiro, ele ainda complementa:
“Ou seja, extingue-se o rotativo, quem não paga o cartão vai direto para o parcelamento em torno de 9%. A ideia é que a gente crie algum tipo de tarifa para desestimular esse parcelamento sem juros longos. Não é proibir o parcelamento sem juros, mas tentar fazer com que fiquem um pouco mais disciplinados.”, finaliza.
O que está sendo defendido pelo Banco Central
Assim como pontuado, o governo busca reduzir os juros da modalidade e enfraquecer a inadimplência do consumidor. Já que a taxa média de juros de crédito cobrada pelos bancos chegou a mais de 450% ao ano. Por isso, pela proposta de lei defendida por Campos, as faturas não pagas iriam direto para o sistema de parcelamento do cartão.
Ministro da Fazenda Fernando Haddad em conversa com Roberto Campos (Foto: Reprodução: Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo)
O crédito rotativo é o maior problema de juros do país hoje, segundo Fernando Haddad, Ministro da Fazenda.Está em curso um projeto de lei no Congresso para limitar os juros rotativos. O texto do PL 2685/2022 prevê que soluções oficiais devem ser apresentadas em até 90 dias pelos bancos. Caso eles não coloquem limite, a lei prevê que os juros do cartão serão limitados ao cheque especial, chegando a no máximo 8% ao mês.
A medida está sendo construída em conjunto com o deputado Elmar Nascimento (União-Bahia). O político é delator do projeto de lei “Desenrola”, programa em que famílias podem negociar as suas dívidas com o Governo.
Foto destaque: Presidente do Banco Central em discusão sobre rotativo do cartão de crédito no Congresso. Reprodução: Lula Marques/Agência Brasil/ ESBrasil