O ex-presidente Jair Bolsonaro, do Partido Liberal (PL), foi alvo de relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que trouxe à tona informações sobre a arrecadação de R$ 17,1 milhões via Pix. O levantamento revelou que uma parte significativa desse valor foi direcionada para membros de sua própria família.
Divisão em família
Entre janeiro e julho deste ano, diversos pagamentos foram feitos para a esposa de Bolsonaro, Michelle, somando um total de R$ 56.073,10 em 10 transações distintas. Apesar de ser a beneficiária de um montante considerável, Michelle não foi a principal destinatária dos recursos arrecadados pelo ex-presidente.
O relatório do Coaf apontou que Leda Maria Marques Cavalcante foi a pessoa que mais recebeu pagamentos de Bolsonaro nesse período, totalizando seis transferências no valor de R$ 77.994. Leda é síndica do Condomínio Estância Quintas da Alvorada, local onde o deputado Eduardo Bolsonaro, também do PL, reside juntamente com sua esposa e filha.
Além disso, outras pessoas da família de Bolsonaro também foram beneficiadas com os recursos arrecadados via Pix. A lotérica do irmão dele, Ângelo, recebeu parte do montante, assim como a síndica do condomínio onde Eduardo vive em Brasília.
Eduardo e Jair Bolsonaro Fabio Rodrigues Pozzebom/Ag. Brasil/ OGlobo
Suspeita sobre a origem do dinheiro
Essas revelações causaram questionamentos e suspeitas sobre a origem e o destino dos recursos arrecadados pelo ex-presidente, levando a debates e investigações na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro.
No entanto, durante um evento recente, Jair Bolsonaro ironizou as suspeitas sobre sua arrecadação, afirmando que o dinheiro arrecadado seria suficiente para "pagar contas e comer um pastel com dona Michelle". A situação continua a gerar discussões e análises sobre as práticas financeiras do ex-presidente e sua família.
A professora Elizabeth de Almeida Meirelles da Faculdade de Direito da USP afirma que, se comprovado o uso indevido do dinheiro, os organizadores da campanha podem ser obrigados a devolver as doações, e as pessoas que se sentiram lesadas podem entrar com queixa criminal. Por outro lado, o professor Eduardo Tomasevicius Filho, também da USP, acredita que a doação foi pura e não há base para reclamação dos doadores.
Foto destaque: Ex-presidente Jair Bolsonaro. Reprodução/Site Poder360