Nos últimos dias vem acontecendo uma série de ataques a navios cargueiros que estão em trânsito no Mar Vermelho, em direção ao Canal do Suez, isso levou grandes empresas a suspenderem seus navios de passarem pelo Mar Vermelho, e em consequência disso, seus cargueiros terão que fazer trajetos maiores. Os ataques foram feitos por rebeldes do Houthis, um grupo que controlam grande parte do Iêmen. No último mês de novembro, o grupo sequestrou um navio de carga ligado a Israel.
O Canal do Suez é a principal conexão entre a Ásia e a Europa, o principal caminho marítimo inclui passar pelo Mar Vermelho. O Suez é importante para as cadeias de suprimentos de todo o mundo.
O Mar Vermelho é um canal que liga a Península Arábica ao continente africano. Em um ponto, no Estreito de Babelmândebe, a distância entre os dois continentes é de apenas 30 quilômetros de mar. A agência de notícias Associated Press estimou que cerca de 10% dos bens que são comercializados no mundo atravessam essa passagem. O Iêmen é uma das pontas que fazem parte desse canal.
Os Estados Unidos informaram que podem enviar militares para a região em resposta aos ataques. O secretário de Defesa do país, Lloyd Austin afimou que o governo americano irá organizar uma força com representantes de diversos países para: " responder aos desafios de segurança no sul do Mar Vermelho e no Golfo de Aden, com o propósito de garantir a liberdade de navegação para todos os países".
Houthis
O grupo rebelde Houthis é um grupo armado iemenita, da minoria muçulmana xiita do país, os zaiditas, localizado no extremo norte do Iêmen. Ele foi formado durante os anos 1990, para combater aqueles que na visão deles consideravam ser corruptos, como no caso do então presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh (1942-2017). Seu nome é originário de seu fundador, Houssein Al Houthi (1959-2004). O grupo se autodenomina como sendo Ansar Allah (Partidários de Deus).
Após os Estados Unidos invadirem o Iraque, em 2003, o grupo adotou o seguinte slogan: “Deus é grande. Morte aos Estados Unidos. Morte a Israel. Maldição aos judeus e vitória para o Islã".
Os Houthis se declararam ser parte do “eixo da resistência” que é liderado pelo Irã contra Israel, os Estados Unidos e o Ocidente em geral. Ao lado do Hamas e do Hezbollah. O que explica os ataques recentes a navios cargueiros.
Guerra no Iêmen
O Iêmen é um país que vive uma guerra civil desde o ano de 2014, quando a capital, Sanaa, foi tomada pelos Houthis. Com a crescente influência xiita na região e ao longo de sua fronteira fez com que a Arábia Saudita, vizinha do Iêmen, fizesse uma coligação com o Bahrein e os Emirados Árabes Unidos que foi apoiada pelo ocidente, em março de 2015.
O grupo radical estabeleceu seu controle em grande parte no norte do país e em grandes centros populacionais, enquanto isso, o governo do país que é reconhecido internacionalmente se baseou na cidade de Aden.
Cargueiros evitando a região
Os ataques aos navios cargueiros assustaram empresas importantes de navegação e de petróleo. Nos últimos dias, a petrolífera BP se tornou mais uma empresa a anunciar que está suspendendo todos os transportes marítimos através do Mar Vermelho após seus navios serem atacados. Outra empresa petrolífera que teve a mesma ação foi a empresa dinamarquesa Maersk.
As mudanças de rotas podem causar atrasos e aumento dos preços de produtos - pela redução dos produtos ofertados e por muita demanda. Na Europa, os preços do petróleo e do gás natural subiram devido ao nervosismo do mercado por conta dos ataques.
O Canal do Suez foi inaugurado, no ano de 1869, para ligar o Mar Vermelho ao Mediterrâneo, ele tem capacidade para receber navios que passam até 240 mil toneladas. De acordo com World Maritime Transport Council (WSC), a instituição que representa as principais empresas de transporte marítimo de carga. O Canal do Suez permite que os navios economizem 9 mil quilômetros, reduzindo a distância em cerca de 43%. Segundo dados da Autoridade do Canal de Suez, 12% do comércio mundial passa pelo canal. Foi no mesmo canal, que em 2021, quando o cargueiro Ever Given ficou preso e provocou o congestionamento de 422 navios. Segundo o jornal americano The New York Times cerca de 50 navios atravessam o Canal de Suez por dia.
Membros do Houthi em praia do Iêmen, com um navio cargueiro ao funfo (Foto: reprodução/Khaled Abdullah/Reuters)
Empresas que suspenderam a passagem de seus navios pelo Mar Vermelho
Quatro das cinco maiores empresas de navio cargueiros do mundo suspenderam a passagem pelo Mar Vermelho. Veja abaixo:
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MSC;
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Maersk;
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Grupo CMA CGM;
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Hapag-Lloyd.
Ao invés de passar pelo Mar Vermelho, as empresas que optaram por mudar a sua rota terão que passar pelo Cabo da Boa Esperança, que está localizado no sul da África. O que acrescenta cerca de mais de 10 dias de viagem.
Foto destaque: Navio da Maersk, uma das empresas que suspenderam a passagem de seus navios pela região (Reprodução/Jon Nazca/Reuters)