Nesta sexta-feira (14), o presidente russo Vladimir Putin anunciou suas condições para encerrar a guerra na Ucrania, exigindo que Kiev dê a Moscou o controle de quatro de suas regiões, recue seus soldados e desista de candidatar-se a OTAN. A proposta foi rejeitada de imediato pela Ucrânia, que classificou as exigências como absurdas. A reação negativa também veio do G7 que aplicou aos russos uma sanção inédita e dos Estados Unidos, que acusaram Putin de não estar em posição de fazer exigências.
Proposta russa e rejeição ucraniana
Pela primeira vez desde o início do conflito militar há mais de dois anos, o presidente russo Vladimir Putin fez declarações que poderiam abrir caminho para um tratado de paz na região. Porém, as exigências russas para encerrar a guerra foram consideradas absurdas pela Ucrânia e também não foram bem aceitas pela Europa e pelos EUA. Para encerrar o conflito armado, a Rússia exige que a Ucrânia ceda a Moscou o controle das cidades de Donetsk, Kherson, Luhansk e Zaporizhzhia. A proposta russa também exige que a Ucrânia recue suas tropas, desista de sua candidatura para integrar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), uma aliança de cooperação militar de países ocidentais, e que se desmilitarize.
A presidente suiça Amherd e o presidente da Ucrania Zelenskyy durante a Cúpula da Paz na Ucrânia em Suíça (Foto: reprodução/Dursun Aydemir/Anadolu/GettyImages Embed)
O assessor da presidencia ucraniana, Mykhailo Podolyak, afirmou que as condições ofertadas por Putin não permitem nenhuma possibilidade de acordo: “Ele está oferecendo à Ucrânia que admita a derrota. Ele está oferecendo à Ucrânia que legalmente entregue seus territórios à Rússia. Ele está oferecendo à Ucrânia que assine sua soberania geopolítica", disse o assessor. Para Podolyak, Putin planejou, preparou e executou, junto com seus cúmplices, a maior agressão armada na Europa desde a Segunda Guerra Mundial e se apresenta agora como um pacificador. Nesta sexta feira (14), ao canal de notícias SkyTG24, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que participou de reuniões do G7 na Itália, declarou que a oferta de Putin não era confiável e que esta mensagem de "ultimato” não é diferente das que já haviam sido feitas em outros momentos. Zelensky acredita que mesmo se as exigências fossem acatadas a Rússia não pararia de atacar.
Proposta de paz do G7
O anúncio feito por Putin veio um dia após uma decisão inédita do G7, que usará os juros do dinheiro russo congelado em bancos ocidentais para financiar a Ucrânia. Esse recurso servirá como garantia para empréstimos de até US$ 50 bilhões destinados à compra de armas e à reconstrução do país. O Presidente russo chamou a ação de roubo. Ainda sobre o assunto, Putin criticou o "egoísmo e hipocrisia dos países ocidentais" e alertando que isso pode levar a uma "reviravolta perigosa”. Para o presidente russo, a movimentação do cenário geopolítico atual levará o mundo a um "caminho sem volta". Após a proposta do presidente russo, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, afirmou que Putin e a Rússia não estão em posição de fazer qualquer exigência a Ucrânia.
Hoje (15), lideranças mundiais e representantes de mais de 90 países estão reunidos na Suíça para discutir um plano de paz liderado pelo Ocidente. O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que participou da reunião do G7 na Itália, disse que não seguirá para o evento que tratará do conflito na Ucrânia. Para Lula, não é possível discutir a paz na região sem a presença da Rússia.
Foto Destaque: o presidente russo Vladimir Putin (Reprodução/Contributor/GettyImages Embed)