Na manhã desta segunda-feira (27), um adolescente de 13 anos partiu para a agressão ao atacar professores e colegas com uma faca na Escola Estadual Thomazia Montoro, localizada na Vila Sônia, zona sul de São Paulo, resultando na morte de uma educadora, Elizabeth Tenreiro de 71 anos.
O jovem já apresentava sinais de violência há um tempo, mas só anunciou de fato sua vontade para cometer o crime no domingo. Ele chegou até mesmo a revelar o que faria na escola em meio a uma rede social. Outros adolescentes comentaram e curtiram os posts, onde o garoto comentou que queria realizar "pelo menos uma morte", além de pedir "boa sorte" aos demais.
Alguns momentos antes do ataque ele digitou demonstrando ansiedade: "Irá acontecer hoje, esperei por esse momento minha vida inteira, tomara que consiga alguma kill [morte, em inglês] pelo menos, minha ansiedade começa a atacar por causa disso. Enfim... me desejem boa sorte".
No perfil fechado, onde muitos outros usuários o incentivavam, um deles se autodenominou como “mentor” do menino, dizendo até mesmo estar muitíssimo orgulhoso de sua iniciativa ao compartilhar o desejo.
O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite pronunciou-se em uma coletiva de imprensa que qualquer pessoa que tenha interagido de alguma forma a favor das publicações violentas do adolescente em sua conta privada, deverão ser intimados e investigados. Considerando que só as pessoas que tinham contado com o perfil obtiveram acesso ao conteúdo.
Em posts mais antigos, o garoto demonstrava frieza quando dizia estar bastante “ansioso”, comentando sobre os equipamentos que usaria no dia, como uma luva e a máscara utilizada nesta manhã. O nome que o menino se identificava na rede social era Taucci, sobrenome do autor do atentado em Suzano, em 2019, Guilherme Taucci.
“Já sabemos que este garoto estava planejando fazer o atentado com uma arma de fogo e não conseguiu. Ele relatou isso informalmente aos policiais civis e militares que atenderam a ocorrência. Sobre as publicações feitas por ele no Twitter, nós só conseguimos ter acesso quando acessamos o celular dele, porque a página era restrita. Quem tinha acesso era somente ele e os usuários amigos dele. Não era algo público, então, na prática, não tínhamos como antecipar”, relatou o secretário.
Derrite também não descartou a possibilidade do agressor ter sido ajudado por alguém ou até que mais colegas da escola tenham envolvimento no terrível plano. “Mas podemos dizer que outros colegas dessa rede social tinham consciência de tudo o que viria a acontecer, até pelas curtidas e comentários na postagem dele.” Como menores de idade, os pais ou responsáveis serão chamados para prestarem seu depoimento sobre o caso.
O secretário da Educação, Gustavo Feder, optou pela não divulgação de mais detalhes do jovem por motivos da preservação a família do mesmo. Entretanto, o garoto havia sido transferido de outro colégio há pouco tempo, também por apresentar violência e indisciplina na antiga instituição de ensino.
Pertences apreendidos pelas autoridades. Reprodução/Polícia Militar de São Paulo/Estadão
Segundo investigação, foi confirmado que autor do crime teve um desentendimento no fim da última semana com outro aluno, disparando comentários ofensivos de origem racista ao colega de escola. Outros alunos afirmam que ele o teria chamado de “rato” e “macaco”, confusão que a professora de 71 anos, assassinada a facadas no presente dia necessitou interromper.
“A diretora Vanessa disse na escola que houve um conflito entre o agressor e um outro aluno e que ela havia marcado em sua agenda para falar agora de manhã com esse aluno”, sobre a intriga. Informou o secretário de Educação.
Os secretários agradeceram pela atitude de heroísmo das duas professoras que conseguiram deter o agressor. “Gostaríamos de agradecer às professoras, a Cinthia (Barbosa), professora de Educação Física, que evitou que essa tragédia tomasse proporções ainda maiores.” Continuou dizendo: “No vídeo é possível ver o ato heróico dela. E à professora Sandra, também, que foi quem retirou a faca da mão do adolescente. Nosso reconhecimento pelos atos heróicos”.
Assim, os feridos do ataque não correm perigo de vida, conforme revelado pelas autoridades.
Devido aos recentes acontecimentos a escola permanecerá com as portas fechadas por um período de tempo de pelo menos uma semana. Para que os demais estudantes não prejudiquem o ano letivo, esse intervalo nas aulas será descontado das férias do mês de julho. O prazo poderá, no entanto, se estender.
Foto destaque: Autoridades em frente a Escola Estadual Thomazia Montoro. Reprodução/Estadão