Desgovernado, na manhã desta sexta-feira (4), um foguete da China assustou a Espanha. Parte de uma operação do país para construir uma estação espacial própria, o módulo chinês perdeu o controle ao entrar na atmosfera e entrou em queda livre na direção de território espanhol, que, inesperadamente, bloqueou parte do espaço aéreo para evitar choques com aeronaves.
Ao longo do dia o tráfego aéreo foi reaberto, e o foguete, nomeado de Longa Marcha-5B YA, se desintegrou ao entrar na atmosfera. A maior parte dos fragmentos pegou fogo e caiu no Oceano Pacífico.
Moradores de Hainan, no centro da China, observam lançamento do foguete Longa Marcha-5B Y4. (Foto: Yang Guanyu/Xinhua via AP)
O episódio gerou críticas de agências europeias ao governo chinês, que vem tentando implantar um ambicioso plano de ocupação no espaço.
No início da manhã, diante de um alerta de forte risco emitido pela Eurocontrol (European Organization for the Safety of Air Navigation), ou, em português, Organização Europeia para a Segurança da Navegação Aérea, o governo espanhol decidiu interditar o espaço aéreo de quatro das 17 regiões do país.
"Devido ao risco associado à passagem do objeto espacial CZ-5B pelo espaço aéreo espanhol, os voos foram totalmente restringidos na Catalunha e em outras comunidades", anunciou o serviço de emergência da Catalunha, uma das regiões espanholas que tiveram o espaço aéreo fechado, no início da manhã.
O tráfego aéreo foi interrompido em quatro das 17 regiões da Espanha.
Entre os aeroportos que ficaram totalmente fechados, estão os de cidades turísticas como Barcelona, Madri e Ibiza. Segundo a AENA (Aeropuertos Españoles y Navegación Aérea), agência que administra os aeroportos na Espanha, cerca de 300 voos foram cancelados ou atrasados por conta da interrupção.
A Eurocontrol previa que provavelmente o módulo do foguete caísse no mar. Como a aeronave está fora de controle, é possível que se encaminhe para território espanhol.
O Ministério de Relações Exteriores da China rebateu críticas feitas por agências europeias à qualidade das operações espaciais do país e alegou que a reentrada de um foguete na atmosfera é prática internacional comum.
"Esse tipo de foguete usa tecnologia especial projetada para que a grande maioria dos componentes que serão destruídos por ablação durante a reentrada na atmosfera, e a probabilidade de causar danos às atividades da aviação e ao solo é extremamente baixa", afirmou Zhao Lijian, porta-voz da pasta.
Lançamento chinês
O Longa Marcha 5B foi lançado ao espaço em 31 de outubro deste ano para ajudar na construção da estação espacial chinesa, um ambicioso plano do país para entrar no mapa das potências com presença no espaço.
Outros episódios
O foguete foi lançado pela primeira vez em maio de 2020 e, na ocasião, fragmentos do foguete caíram na Costa do Marfim, na África Ocidental, danificando vários edifícios no país.
Os transtornos não acabaram por aí. No segundo voo, os destroços do foguete caíram no Oceano Índico, e, no terceiro, no Mar de Sulu, nas Filipinas.
Aena no Brasil
A empresa Aena, que passou a administrar o aeroporto de Congonhas em agosto deste ano, tem 51% das ações controladas pela estatal espanhola Enaire e 49% negociadas na Bolsa de Madri.
Aeroporto de Congonhas. (Foto: Reprodução/Revista Embarque)
No Brasil, a companhia já administra os terminais de Maceió, Recife, João Pessoa, Aracaju, Juazeiro do Norte e Campina Grande, arrematados na quinta rodada de concessão, em 2019.
Na Espanha, a Aena é responsável por 48 aeroportos, incluindo o de Madri e o de Barcelona. A empresa ainda tem participação acionária no terminal Luton, na Inglaterra.
Foto destaque: Com previsão para cair na Espanha, destroços de foguete chinês caem no Oceano Pacífico. Reprodução/CNN Brasil